segunda-feira, 22 de março de 2010



Um dia desses, eu separo um tempinho
e ponho em dia todos os choros
que não tenho tido tempo de chorar."

                               
Carlos Drumond de Andrade

SOLIDÃO (Francisco Buarque de Holanda)



Solidão não é a falta de gente para conversar, 
namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência!

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade!

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio!

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza!

Solidão não é um vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância!

Solidão é muito mais do que isto!
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos 
e procuramos em vão pela nossa alma!


Inconfesso Desejo


Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor

Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo

Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação

Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 14 de março de 2010

Antídoto (Paulo Roberto GaefKe)


Contra um mau pensamento; uma dúzia de bons desejos.
Contra a inveja; mais trabalho.
Contra a crise; criatividade.
Contra o desânimo; perseverança.
Contra o ódio; mais amor.
Contra a incerteza; uma decisão.
contra o descrédito; firmeza.
Contra a doença; repouso e cuidados.
Contra a infidelidade; serenidade.
Contra as dívidas; planejamento.
Contra o passado; visões do futuro.
Contra a solidão; solidariedade.
Contra a fome; misericórdia.
Contra tudo; a fé absoluta.
Contra você; nem pensar!

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sábado, 13 de março de 2010

CONSELHOS DE UM VELHO APAIXONADO (Carlos Drummond de Andrade)


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem de água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino: O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais. Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR!!!

Ame muito..... muitíssimo.......

quinta-feira, 11 de março de 2010

O tempo certo (Paulo Roberto Gaefke)


Muita gente anda esperando o tempo certo
 para realizar este ou aquele sonho.
Deixam o vestibular para o ano que vem,
a pós para depois, a reforma para Agosto…

Agimos como se fossemos donos do tempo.
Como se a eternidade fosse apenas um caminho
 que passa na rua da nossa casa.
Definimos prioridades que no final das contas,
nem eram tão prioritários assim…

As vezes nossos sonhos ficam guardados,
 esperando na fila das decisões.
Ficam como galhos pesados encostados no chão do tempo.
Nossas orações ainda são eternos pedidos imediatistas.

Pedimos para apagar o fogo, 
mas ainda não aprendemos evitar o incêndio.
É tempo de realizar!
Colocar os sonhos da alma como prioridade.

O tempo é o agora.
E o agora é já!
Pare de ser expectador da vida!

É hora de tomar uma atitude
 que te leve ao encontro do que tanto deseja!
Na decisão cabe tudo!
- O sonho mais louco,
a aventura mais insana.

Se é para ser feliz,
não aceite metade, nem migalhas.

A vida é este rio.
Ele vai continuar o caminho,
com ou sem a sua atitude.

Então sonhe alto.
Voe para o horizonte.
Encontre o sol, passeie pela lua.

Perceba e sinta a proximidade de Deus.
Remova as teias de aranha dos velhos projetos.
Hoje o convite vem do mais alto:
-É o seu dia de realizar.
É tempo de amar.
Comece por você.
Ame-se!
Distribua esse amor.

A vida devolve tudo na mesma medida com que nos lançamos.
Sem hesitação, diga bem alto:
-Eu vou realizar o que tanto desejo.

Eu posso e mereço.
É o próprio tempo quem diz:
- é tempo de ser mais feliz!

Não desista dos seus sonhos,
eles te levarão a plenitude do ser.

Creia no seu poder de realizar e vencer!
Eu acredito em você

Poesia Matemática (Millôr Fernandes)


Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia 
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide, 
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida 
paralela à dela
até que se encontraram 
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação 
traçando 
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. 
E enfim resolveram se casar
constituir um lar, 
mais que um lar, 
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade 
integral e diferencial. 
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes 
até aquele dia 
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu 
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos. 
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade. 
Era o triângulo, 
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração, 
a mais ordinária. 
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser 
moralidade
como aliás em qualquer 
sociedade.



Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", 
Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954,
pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Revolução da Alma (Paulo Roberto Gaefke)

O poema "A Revolução da Alma" que é falsamente atribuído a Aristóteles, é do escritor  Paulo Roberto Gaefke  (ver foto ao lado) e poderá ser encontrado no site do autor http://www.meuanjo.com.br/.



"Ninguém é dono da sua felicidade,
por isso não entregue sua alegria, sua paz,
sua vida nas mãos de ninguém,
absolutamente ninguém.

Somos livres,
não pertencemos a ninguém e não podemos
querer ser donos dos desejos,
da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.

Se você anda repetindo muito
“eu preciso tanto de você”
ou, “você é a razão da minha vida”,
cuide-se.

Remova essas palavras e principalmente
a ação dessas palavras da sua vida,
pois fazem muito mal ao seu “eu” interior.
A razão da sua vida é você mesmo.

A tua paz interior é a tua meta de vida,
quando sentires um vazio na alma,
quando acreditares que ainda esta faltando algo,
mesmo tendo tudo,
remete teu pensamento para os teus desejos
mais íntimos e busque a divindade que existe em você.

Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você.
Não coloque objetivos longe demais de suas mãos,
abrace os que estão ao seu alcance hoje.

Se andas desesperado por problemas financeiros,
amorosos ou de relacionamentos familiares,
busca em teu interior a resposta para acalmar-te,
você é reflexo do que pensas diariamente.

Pare de pensar mal de você mesmo,
e seja seu melhor amigo sempre.

Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar.
Então abra um sorriso para aprovar
o mundo que te quer oferecer o melhor.

Com um sorriso no rosto as pessoas terão as
melhores impressões de você,
e você estará afirmando para você mesmo,
que está “pronto”para ser feliz.

Trabalhe, trabalhe muito a seu favor.
Pare de esperar a felicidade sem esforços.
Pare de exigir das pessoas aquilo que nem
você conquistou ainda.
Critique menos, trabalhe mais.

E, não se esqueça nunca de agradecer.
Quando você agradece,
Deus recebe seu coração.

Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento,
inclusive a dor .

Nossa compreensão do universo, ainda é muita pequena para julgar o que
quer que seja na nossa vida.

Por fim,
acredite que não estamos sozinhos um instante sequer.

Você pode,
através de uma oração simples e de coração
buscar Aquele que é maior que quaisquer problemas.

Unir-se a DEUS nos momentos de alegria,
garante uma facilidade maior de contato
nos momentos menos alegres."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Caminhos (Raul Seixas e Paulo Coelho)


Você me pergunta
Aonde eu quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar

E até a gaivota que voa
Já tem seu caminho no ar
O caminho do fogo é a água
O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote

O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço
O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço

O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo
O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento

O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno
O do peixe é a rede
O do vil é o inferno

O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!

“E você ainda me pergunta:
aonde é que eu quero chegar,
se há tantos caminhos na vida
e pouquíssima esperança no ar!
E até a gaivota que voa
já tem seu caminho no ar!”

Nós complicadas????


Se a gente se insinua, é atirada;
Se fica na nossa, tá dando uma de difícil.
Se aceita transar no início do relacionamento, é mulher fácil;
Se não quer ainda, tá fazendo doce.
Se põe limitações no namoro, é autoritária;
Se concorda com o que o namorado diz, é uma lesa sem opinião.
Se batalha por estudos e profissões, é uma ambiciosa;
Se não tá nem aí pra isso, é dondoca.
Se adora falar em política e economia, é feminista;
Se não se liga nesses assuntos, é desinformada.
Se corre pra matar uma barata, não é feminina;
Se corre de uma barata, é medrosa.
Se aceita tudo na cama, é vagabunda;
Se não aceita, é fresca.
Se ganha menos que o homem, é pra ser sustentada;
Se ganha mais que o homem, é pra jogar na cara deles.
Se adora roupas e cosméticos, é narcisista;
Se não gosta, é desleixada
Se sai mais cedo do trabalho, é folgada;
Se sai mais tarde, tá dando pro chefe;
Se faz hora extra, é gananciosa.
Se gosta de TV, é fútil;
Se gosta de livros, tá dando uma de intelectual.
Se se chateia com alguma atitude dele, é uma mulher mimada;
Se aceita tudo o que ele faz, é submissa.
Se quer ter 4 filhos, é uma louca inconseqüente
Se só quer ter 1, é uma egoísta que não tem senso maternal.
Se gosta de rock, é uma doida chapadeira;
Se gosta de música romântica, é brega;
Se gosta de música eletrônica, é porra-loca.
Se usa sainha curta, é vulgar;
Se usa saia comprida, é crente.
Se tá branca, eles dizem pra gente pegar uma corzinha;
Se tá bem bronzeada, eles dizem que preferem as mais clarinhas.
Se faz cena de ciúme, é uma neurótica;
Se não faz, não sabe defender seu amor.
Se fala mais alto que ele, é uma descontrolada;
Se fala mais baixo, é subserviente.

E depois vem dizer que mulher é que é complicada?????????

FALA SÉRIO!!!

                                                                                                                   (Desconheço a autoria)

domingo, 7 de março de 2010

MAIS UMA DE AMOR (Martha Medeiros)


Que algumas pessoas não acreditem que o homem esteve mesmo na lua, dá até pra entender, mas tem gente que não acredita em amor, e isso é imperdoável. Podemos não acreditar no que nossos olhos vêem, mas não podemos desacreditar no que sentimos. Você já ficou com a boca seca diante de uma pessoa? Já teve receio de ela estar ouvindo as batidas do seu coração? Bem, isso tudo não é prova de amor, apenas de ansiedade. Amor é outra coisa.

Amor é quando você acha que a pessoa com quem você se relacionava era egoísta, possessiva e infantilóide e isso não reduz em nada a sua saudade, não impede que a coisa que você mais gostaria neste instante é de estar tocando os cabelos daquela egoísta, possessiva e infantilóide.

Amor é quando você não compreende direito algumas coisas, mesmo tendo o QI mais elevado da turma, mesmo dominando o pensamento de Sócrates, Plutão e Nietzche. Perguntas simples ficam sem resposta, como por exemplo: como é que eu, sendo tão boa gente, tão honesto e com um coração tão grande, não consigo fazê-la perceber que ela seria a pessoa mais feliz do mundo ao meu lado?

Amor é quando você passa dias sem ver quem você ama, depois passam-se meses, e aí você conhece outra pessoa e passam-se décadas, e você já nem lembra mais do passado, e um dia qualquer de um ano qualquer você se olha no espelho e pensa: como é que eu consegui enganar a mim mesmo durante todo esse tempo?

Amor é quando você sente que seria capaz de amarrar o cadarço de um tênis com uma única mão ou de fazer a chuva parar só com a força do pensamento caso a pessoa que você ama lhe mandasse um sim deste tamanho.

Amor é quando você sabe tintim por tintim as razões que impedem o seu relacionamento de dar certo, é quando você tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, é quando você não tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda não impede de fazê-lo chorar escondido quando ouve uma música careta que lembra os seus 14 anos, quando você acreditava em milagres.

Tudo isso pode parecer uma grande dor, mas é uma grande dádiva, porque a existência do amor está toda hora sendo lembrada. Dor é quando a gente está numa relação tão fácil, tão automática, tão prática e funcional que a gente até esquece que também é amor.

"Que bom se pudesse ficar no campo, à beira da
estrada, encostar as faces na frescura do capim molhado, dormir,
esquecer, ser apenas uma pedra no caminho, a folha duma árvore..." (Veríssimo)

A Rotina

Veja abaixo o belo poema “A Rotina”, que está sendo veiculado na televisão pela empresa de cosméticos e beleza Natura. Se alguém conhecer a autoria por favor me informe.



"A ideia é a rotina do papel
O céu é a rotina do edifício
O início é a rotina do final
A escolha é a rotina do gosto
A rotina do espelho é o oposto

A rotina do jornal é o fato
A celebridade é a rotina do boato
A rotina da mão é o toque
A rotina da garganta é rock

O coração é rotina da batida
A rotina do equilíbrio é a medida
O vento é a rotina do assobio
A rotina da pele é o arrepio

A rotina do perfume é a lembrança
O pé é a rotina da dança
Julieta é a rotina do queijo
A rotina da boca é o desejo

A rotina do caminho é a direção
A rotina do destino é a certeza
Toda rotina tem sua beleza”


sábado, 6 de março de 2010

Passado… (Desconheço a autoria)

Se eu ainda sinto doer é porque não passou…


" Metade de mim é saudade,
a outra metade é melodia…
Eu vou casar com a saudade
Numa madrugada fria
Na saúde e na doença
Na tristeza e na alegria..."


Receita para não adoecer (Dr. Drauzio Varela)


Se não quiser adoecer – “Tome decisão”.

A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia.
A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões.
A história humana é cheia de decisões, para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros.
As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer – “Busque soluções”.

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas.
Preferem a lamentaçaão, a murmuração, o pessimismo.
Melhor acender o fósforo que lamentar a escuridão.
Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos.
O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Se não quiser adoecer – “Não viva de aparências”.

Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão de que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho, etc..., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.
Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas.
São pessoas com muito verniz e pouca raiz.
Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer – “Aceite-se”.

A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos.
Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável.
Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores.
Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.

Se não quiser adoecer – “Confie”.

Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras.
Sem confiança, não há relacionamento.
A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.

Se não quiser adoecer – “Não viva sempre triste”.

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa.
A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.
“O bom humor nos salva das mãos do doutor”.
Alegria é saúde e terapia.

Os Versos Que Te Fiz (Florbela Espanca)


Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.


Declaração de amor (Martha Medeiros)


Eu vivo dizendo que não sou psicóloga, mas mesmo assim recebo vários e-mails de leitores que me escrevem páginas e páginas sobre seus dilemas amorosos. Contam que são apaixonados por alguém, que sentem isso e aquilo, e no final me perguntam: o que é que eu faço para conquistá-lo? Se eu tivesse a solução na ponta da língua, deixava de ser escritora e iria ganhar a vida dando consulta através de um 0900 qualquer. Mas não tenho solução, tenho apenas um vago palpite: em vez de declarar seu amor para uma pessoa que não tem nada a ver com a história (eu), declare para o maior interessado (ele/a).

Declaração de amor funciona. Não é varinha de condão, não faz mágica, mas jamais passa despercebida. Todo mundo, não importa a idade, o sexo ou o estado civil, quer ser amado. Podemos até já ser muito amados, mas queremos mais. Queremos saber que agradamos os outros, queremos receber um lote extra de atenção. É humano: desejamos ser aceitos pelo maior número de pessoas. Quando a gente consegue despertar o amor em alguém por quem também estamos apaixonados, é o reino dos céus. Mas mesmo quando a gente desperta o interesse em quem não nos atrai, ainda assim isso mexe favoravelmente com nosso ego. E esta pessoa deixa de ser um ninguém.

Um cara ou uma garota chega perto de você e diz com todas as letras que você é a pessoa mais importante da vida dela, que te ama pra caramba e pede para que, se você um dia achar possível retribuir esse sentimento, mande avisar. Vira as costas e vai embora. Cacilda. Você só vai debochar dessa criatura se for muito tosco. Você sabe como é difícil tomar coragem e abrir o coração pra alguém sem saber se tem alguma chance. E se for para alguém que já tem namorado, mais complicado ainda. Pois alguém enfrentou essa parada e se declarou pra você. Se você o achava um idiota, pense duas vezes: este idiota se amarrou em você, então não deve ser tão idiota assim.

Apaixonou-se? Declare-se. Pode dar em nada, mas garanto que você vai ficar na cabeça de alguém o tempo necessário para ele considerar a hipótese.

O jeito deles (Martha Medeiros)


O que é que faz a gente se apaixonar por alguém? Mistério misterioso. Não é só porque ele é esportista, não é só porque ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem, e você, que tem um, não vai querer saber de descerebrados.

Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado. E ter bastante dinheiro funciona?...também não funciona......tem que ter algo mais. O que é este algo mais?

Mistério decifrado: é o jeito.

A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta.

O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vou tentar explicar isso.

Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando.

O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito de morder palitos de fosforo que me deixava louca ok, pode rir. Ele era um cara sofisticado, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro.

O terceiro namorado tinha um jeito de olhar que parecia que despia a gente: não as roupas da gente, mas a alma da gente. Logo vi que eu jamais conseguiria esconder algum segredo dele, era como se ele me conhecesse antes mesmo de eu nascer. Por precaução, resolvi casar com o sujeito e mantê-lo por perto.

E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito vulgar de falar, do jeito de rir sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça, do jeito rude de tratar os garçons, do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia. Nenhum defeito nisso. Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo.

Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar.

Porque esses jeitos que nos encantam não se explicam mesmo.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Namorar (Artur da Távola)


Namorar é a forma bonita de viver um amor. Namora, quem lê nos olhos e sente no coração as vontades saborosas do outro.

Namora, quem se embeleza em estado de amor a pele melhora, o olhar com brilho de manhã. Namora, quem suspira, quem não sabe esperar, mas espera, quem se sacode de taquicardia e timidez diante da paixão, quem ri por bobagem, quem entra em estado de música, quem sente frios e calores nas horas menos recomendáveis.
Namorados que se prezam têm a sua música. E não temem se derreter quando ela toca. Ou, se o namoro acabou, nunca mais dela se esquecem. Namorados que se prezam gostam de beijo, suspiro, morderem o mesmo pastel, dividir a empada, beber no mesmo copo.

Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro ou lhes parecem ridículas nos outros.Por falar em beijo, só namora quem beija de mil maneiras e sabe cada pedaço e gostinho da boca amada.

Beijo de roçar, beijo fundo, inteirão, os molhados, os de língua, beijo na testa, beijo livre como o pensamento, beijo na hora certa e no lugar desejado. Sem medo nem preconceito.

Beijo na face, na nuca e aquele especial atrás da orelha no lugar que só ele ou ela conhece. Namora, quem começa a ver muito mais no mesmo lugar que sempre viu e jamais reparou. Flores, árvores, a santidade, o perdão, Deus, tudo fica mais fácil para quem sabe de verdade o que é namorar.

Por isso só namora quem se descobre dono de um lindo amor, tecido do melhor de si mesmo e do outro. Só namora quem não precisa explicar, quem já começa a falar pelo fim, quem consegue manifestar com clareza e facilidade tudo o que fora do namoro é complicado.

Namora, quem diz: "Precisamos muito conversar"; e quem é capaz de perder tempo, muito tempo, com a mais útil das inutilidades e pensar no ser amado, degustar cada momento vivido e recordar palavras, fotos e carícias com uma vontade doida de estourar o tempo e embebedar-se de flores astrais.

Namora, quem fala da infância e da fazenda das férias, quem aguarda com aflição, o telefone tocar e dá um salto para atendê-lo antes mesmo do primeiro trim.

Namora quem namora, quem à toa chora, quem rememora, quem comemora datas que o outro esqueceu. Namora quem é bom, quem gosta da vida, de nuvem, de rio gelado e de parque de diversões. Namora quem sonha, quem teima, quem vive morrendo de amor e quem morre vivendo de amar.