Texto do poeta caxiense Wybson Carvalho
A
poesia ganhou um dia específico, sendo este criado em homenagem ao poeta
brasileiro, Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), no dia de seu
nascimento, 14 de março.
Neste
mês de março, precisamente no dia 14, algo de melhor que há no Brasil
aniversaria: A POESIA. “A poesia é a arte
da linguagem humana, do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo
e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual da fala
em recursos formais, através das rimas cadenciadas. A poesia faz adoração a
alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico
também. Há três expressões de poesias: as existenciais, que retratam as
experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas,
que trazem as emoções do autor;
e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas”.
Mas,
poesia é, eminentemente, arte e exercício humano/espiritual. Quanto ao
questionamento conceitual sobre esse contexto, temos a certeza: Bertoldo Breath
se fosse questionado por alguém a respeito do conceito de o quê é a poesia,
certamente o questionador já obteria sua resposta - “poesia é o próprio
homem/trabalhador e, em realidade, há homens que trabalham anos e anos; esses
são considerados bons / há homens que trabalham anos e anos; esses são
considerados muito bons / e há homens que trabalham sempre; esses são
imprescindíveis...”. Portanto, a poesia é um produto do esforço psicofísico
humano.
O mesmo questionamento, feito a Henfil, é claro, também, ele já nos
respondera: - “poesia é arvore de vida e, em realidade, se dela não houver
frutos, valerá o perfume e a beleza das flores; se dela não houver flores,
valerá a sombra e o abrigo das folhas; e, se, dela não houver frutos, flores e
folhas, valeu a intenção da semente...”. Embora a poesia, é claro, também,
produto natural do esforçado cio da terra.
Mas,
ser poeta é ser o quê?
Segundo
o sábio professor, poeta e jornalista maranhense, Alberico Carneiro, se é
atualíssima, ainda hoje, a teoria de Aristóteles sobre a arte da poesia ou da
poética, apresentando-a como imitação, transformação ou mutação da realidade
vista por outro ângulo, o poeta é uma espécie de mago, feiticeiro, bruxo ou
encantador. Desse ponto de vista, ele, o poeta, pode transfigurar a linguagem
da semântica, isto é: fazer com que as palavras, à maneira dos camaleões,
passem por um processo mimético ou do mimetismo. E, assim, como camaleão, que,
para preservar-se dos predadores mais perigosos, adapta à coloração da pele à
cor do ambiente, para fingir e confundir-se com a paisagem, também o poeta faz
com que as palavras imitem a realidade, procurando inseri-las no contexto
semântico que corresponda à contemporaneidade.
O
poeta Português, Fernando Pessoa, traduz esse paradoxo ou ambiguidade
aristotélica sobre o ato da imitação à realidade: - “o poeta é um
fingidor/finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras
sente”.
Já
o poeta ludovicense, Nauro Machado, outro ser humano-cultural incompreendido em
seu tempo, se confessa e, portanto, explica: - “a dor de ser poeta/ do ser
fatal/ a dor de ser feroz/ é instante só/ mas que no ser demora e dura e fere/
para que mais doa”.
E
um poeta-camaleão, Salgado Maranhão, se faz poetar nas coisas: - “As coisas
querem vazar o poema/em sua crosta de enredos, as coisas querem habitar o
poema/para serem brinquedos. Chove nas fibras de alguma essência secreta e o
poema rasga a arquitetura do poeta”.
Imagem do site www.cacholaliteraria.com.br
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