terça-feira, 8 de maio de 2018

O poeta caxiense Manoel Caetano Bandeira de Mello





A Academia Caxiense de Letras declarou o ano de 2018 como
 'Ano Manoel Caetano Bandeira de Mello'


Bandeira de Mello nasceu em Caxias, Maranhão, em 30 de julho de 1918. Poeta, advogado escritor, professor e jornalista, passou a infância e a adolescência em São Luís, depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde residiu até sua morte. Foi membro da Academia Maranhense de Letras (AML) e sócio-fundador do Sindicato de Escritores e Jornalistas do Rio de Janeiro.

Obra poética: A viagem humana (1960); O mergulhador (1963); Canções da morte e do amor (1968); Da humana promessa (1976); Uma canção à beira-mar (1977); Durante o canto (1978); A estrada das estrelas (1981); Da constante canção (1983).


Tu podes te ausentar da minha vida

Tu podes te ausentar da minha vida
Seguindo sem meus olhos teu caminho
Podes se queres me deixar sozinho
Com tanta estrada a ser seguida

Não te sofra minha alma recolhida
Em si mesma na ausência de carinho
Se não te tenho sempre te adivinho
Esqueço em pensamento a tua partida

Talvez tivesse eu sofrido excesso
De amor que não limita o peito opresso
Pelo canto à procura de expressão

Mas não penses que o levas de vencida
Tu podes te ausentar da minha vida
Mas de minha alma que te inventa não

***

Soneto da Saudade

A volta aos dias claros da viagem 
quando meu corpo esguio adolescia 
e o espetáculo do mundo transcorria 
a meus olhos leveza de miragem 

Quando o brilho do campo era a imagem 
do que dentro de mim acontecia 
era tudo manhã do mesmo dia 
encontrada nas cores da paisagem 

Ainda escuto vozes peregrinas 
ensurdecidas distanciadas sinais 
que se passaram céleres no vento 

Ontem tudo tão vivo, hoje desmaia 
não há asa de voo que não caia 
na laje deste meu esquecimento.

***

O velho e a noite

Ó noite negra, noite das noites.
Ó noite fonte da própria fonte,
com o teu silêncio, com a tua sombra,
com a tua ausência, com o teu sono,
com a luz que te peja e que ocultas,
presa ao teu peso que a subjuga.
Ó protetora dos que não acham
a paz senão quando se apagam
no teu refúgio, perdidas faces.
Ó noite, noite, nunca passasses.


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Fonte:

MIRANDA, Antonio. Poeta Manoel Caetano Bandeira de Mello. Disponível no site http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/manoel_caetano_bandeira_de_mello.html#topo. Acesso em 07/05/2018.

MELLO, Manoel Caetano Bandeira de. Canções da Morte e do Amor. José Olympio, 1968.

ACADEMIA CAXIENSE DE LETRAS.  Ano Manoel Caetano Bandeira de Mello. Disponível em: https://www.facebook.com/academiacaxiensedeletras. Acesso em 07/05/2018. 

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