É “a mais linda do mundo!”, exclamou Rui Barbosa[1] ao ver o primeiro exemplar da bandeira da nacionalidade, instituída pelo Governo Provisório da República no dia 19 de novembro de 1889. A expressão não traduziu apenas o estado emocional que lhe despertou a sua estética, mas, também o entusiasmo por seu simbolismo como imagem da Pátria.
Neste dia, em 1855, portanto há exatos 160 anos, nasceu o criador da nossa bandeira republicana, Raimundo Teixeira Mendes, na cidade de Caxias, no Maranhão (que também serviu de berço a Gonçalves Dias e Coelho Neto).
Teixeira Mendes, “apóstolo da humanidade” e criador da bandeira republicana do Brasil.
Raimundo cursou humanidades no Colégio Pedro II e frequentou a Escola Politécnica e a Faculdade de Medicina. Nunca recebeu diploma algum, escolástico ou acadêmico, mas em todos esses institutos de ensino, ficaram célebres seu talento, cultura e caráter. Seu casamento, aos 27 anos, com D. Ernestina de Carvalho Teixeira Mendes, duraria até a morte da esposa, 30 anos depois.
Foi primeiro um fervoroso católico, depois um revolucionário, republicano e ateu. Afinal, converteu-se ao Positivismo Ortodoxo, do que se tornou no Brasil, um incontestável chefe, ao lado de Miguel Lemos[2].
Breve história da bandeira brasileira
Qualquer brasileiro ao avistar a nossa bandeira é dominado por imagens e sentimentos que lhe lembram que “os nossos céus têm mais estrelas, nossas várzeas mais flores, nossos bosques mais vida e nossa vida mais amores”[3]. Tudo isso tem um motivo. A história é longa e aqui será resumida.
Ao fundar em 1549 a cidade de Salvador, Tomé de souza sugeriu o primeiro símbolo de nossa nacionalidade: um retângulo, um campo azul celeste, com a pomba branca da aliança a esvoaçar no centro, trazendo no bico três ramos verdes de oliveira e circundada pela divisa, em letras de ouro: “Sic illa ad arcam reversa est”.
Ao ser proclamada a nossa independência, Jose Bonifácio estabelece que a bandeira seria formada de um paralelogramo verde primavera, tendo um quadrilátero romboidal cor de ouro, em cujo centro se via o escudo imperial. Sob as vistas do Patriarca, Debret executou o painel do novo pavilhão, onde foram mantidas as cores do de Tomé de Souza: verde, amarelo, azul e branco.
Instalada a República, houve quem sugerisse que se adotasse a bandeira do Clube Republicano Lopes Trovão, composta de listras verdes e amarelas, tendo ao canto junto à haste, um quadrado preto com vinte estrelas. Como se imagina, não passava de copia banal da bandeira americana.
Criando a bandeira republicana
Substituindo-se os ramos de café e tabaco pela esfera celeste estrelada (com destaque à constelação Cruzeiro do Sul), cortada pela faixa branca em que se gravou um lema de Augusto Comte[4], a nossa bandeira republicana foi concebida por Teixeira Mendes, desenhada pelo pintor Décio Villares[5], mostrada em desenho ao astrônomo Manuel Pereira Reis[6] e proposta ao governo provisório da Republica por Benjamin Constant[7].
Pensando que “uma pátria não muda de bandeira, como cada homem muda de camisa”, Teixeira Mendes preocupou-se, ao ser proclamada a República, em dotar o novo regime de um pavilhão que mantivesse a nossa continuidade histórica, guardando dos anteriores o que esses apresentavam de característico.
O Decreto no. 4, de 19 de novembro de 1889, que instituiu a bandeira da Republica, considerou que as suas cores “recordam as lutas e as vitórias gloriosas do Exército e da Armada na defesa da Pátria, e simbolizam , independentemente da forma do governo, a perpetuidade da Pátria entre as nações”. Foram assim mantidas as antigas cores nacionais: verde, amarelo, azul e branco, e conservadas as estrelas representativas dos Estados.
Retirada a coroa símbolo do império, foi acrescentado à bandeira o lema “Ordem e Progresso”, que o rei Jorge V da Inglaterra declarou, em 1922, dever constituir o programa de todos os povos. O que o dístico da bandeira pretende indicar é que as duas tendências não são irreconciliáveis, ao contrário, podem e devem harmonizar-se.
Apóstolo da humanidade
Escritor prolífico, Teixeira Mendes, que recebeu, ainda em vida, o epíteto de “apóstolo da humanidade”, publicou inúmeros artigos e produziu obras de fôlego, como La philosophie chimique d’après Auguste Comte, Esboço biográfico de Benjamin Constant, As últimas concepções de Augusto Comte, O ano sem par, O Catolicismo, A propósito da liberdade dos cultos, A política positivista e o regulamento das escolas dos exércitos, A comemoração cívica de Benjamin Constant e a liberdade religiosa, A liberdade espiritual e a organização do trabalho e A diplomacia e a regeneração social.
Entre suas produções poéticas, destacam-se Hino ao Trabalho e o Hino ao Amor.
Teixeira Mendes, faleceu repentinamente em 28 de junho de 1927, dia de Joanna d’Arc.
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Texto de C.S. Soares
Original do site:Hoje na Litratura
Disponível em: http://hojenaliteratura.com/05011855-nasce-o-criador-da-bandeira-nacional/
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Disponível em: http://hojenaliteratura.com/05011855-nasce-o-criador-da-bandeira-nacional/
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