Jagunço
De olhar imóvel e unhas aguçadas
dentro da noite constelada e fria
Jagunço vira as latas e esvazia
baldes e caixas postos nas calçadas.
E a tiritar, a sós, nas madrugadas
relembra aflito a cínica ironia
daquela lata que encontrou vazia
em frente à casa rica dos Andradas.
Mas... certamente, este cachorro azado
vem trazer-me a lembrança do passado
junto a uma grande e lacerante dor,
pois, quantos corações não conquistei,
porém, aquele que em verdade amei
não possuia nem sequer amor.
Vítor Gonçalves Neto
* Nota de Quincas Vilaneto:
O poema é original do poeta Vítor Gonçalves Neto, feito em Fortaleza, a 20 de maio de 1944, autografado, que levei bastante tempo para descobrir as palavras que faltavam, ei-lo.
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