DESPERTA CAXIAS
(João Vicente Leitão - 1970)
Desperta, Caxias! Alerta, Princesa!
E lança um olhar a teu belo passado.
Compara ao presente e verás, com tristeza.
Que estás nos divãs de teu nome sagrado.
Ó terra querida do Dias Carneiro!
O grande da indústria que soube elevar
O teu patrimônio moral, financeiro.
E soube o teu nome formoso, exaltar.
Nos longos recantos de todo o Brasil,
Assim como fez o Teófilo Dias,
Que muito distante do céu cor de anil,
Cantou tua glória, formosa Caxias.
E mais como fez o cantor dos TIMBIRAS
Que lá do estrangeiro, o teu nome elevou.
Desperta, Princesa, por ver maravilhas.
Que novo horizonte por Ti, despertou.
Querida Caxias, de nome sagrado,
Há muito dormias, em sono profundo,
Estavas vivendo do belo passado,
Do nome que tens, nos recantos do mundo.
O nome legado por Costa Alecrim.
O bravo guerreiro da luta do morro;
A luta de sangue, de mortes, enfim,
Que fez o inimigo pedir-lhe socorro.
Desperta e sorrir, pois agora o destino
Jogou, em teu seio, só homens de bem,
Que sabem fitar para o belo e divino,
Despidos da capa do brusco desdém.
Desperta, Princesa, de fé revestida.
Da grande vontade dos homens d’agora.
E em breve serás, ó Princesa querida.
A dona do nome que tinhas outrora.
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CAXIAS
(Afonso
Cunha)
Muitas vezes pensando nos remotos
dias ilustres desta grande terra,
vejo passarem diante dos meus olhos,
soberbos e mais belos do que nunca
os heróis das batalhas mais famosas
e os peregrinos poetas que os cantam.
Vejo no altivo Morro das Tabocas,
batidos pelo sol quente de agosto
aqueles que, no entrechocar da luta,
ergueram tanto o nome de Caxias,
que, embora decorridos tantos anos,
Caxias sente que combatem ainda!
E é por isso, talvez, que este meu povo,
quando se lhe antepõe a tirania,
tem atitudes de guerreiro antigo:
e então se escuta, pelo espaço afora,
um clamor de clarins, e de tambores,
e de cavalos ardegos de guerra...
Nuvens de pó, que se erguem no horizonte,
como criações de minha fantasia.
Fazem-me um campo de batalha,
Em que Alecrim de novo me aparece,
revidando as injúrias do presente,
com as mesmas armas que empunhava, outrora.
Cada soldado que lhe segue os passos,
tem para a morte um riso de ironia.
Porque bem sabe que não vale a pena
viver um povo que não tem coragem
de arrebentar os seus grilhões de escravos
numa explosão de cólera bendita.
E à proporção que assisto a esse combate
em que se apraz meu louco devaneio,
fico a pensar de que serviria a vida,
sem esses lances trágicos e belos
dos que morreram pela liberdade
e vivem agora para o nosso culto
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PEDESTRE
(Isaac Souza)
E se morre de amor?
Amor de Ana, amor de Amélia,
de uma Dama das Camélias?
Às vezes, pulo da Ponte,
às vezes, Morro Alecrim,
por arlequina mascarada
num carnaval de Veneza.
Se eu fizesse três amores,
tivesse Três Corações,
poção de amor em Caldeirões,
faria meu Castelo Branco
na sombra do Tamarineiro,
e na Volta Redonda dos teus seios
Refinaria meu desejo.
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SER CAXIENSE
(Raimundo Nonato Cardoso)
Ser Caxiense é ter de sonhos uma
Grinalda enorme que lhe cinja o peito
É ter no peito, nessa Glória Suma,
À poesia o coração eleito...
Ser Caxiense é ter dos céus alguma
Missão divina neste mundo aceito;
É ter lá dentro o coração na pluma
Morna e cheirosa dum macio leito...
É ter no peito um sabiá cantando
Triste, canoro, com primor, e amenos
Voôs de Glória pelo peito alçado...
Se de Caxias, eu não sou, quisera
Que nas entranhas dessa terra, ao menos
Eu fosse um dia descansar - quem dera!...
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MINHA PRINCESA
(Inês Pereira Marciel)
Terra mãe, por Deus abençoada,
É tão rica de encantos mil...
Ante a realeza que tu és dotada,
Súdita curvo-me, fiel, servil.
Retorno a ti, oh, doce Princesa!
Após, debalde, alhures procurar
Esta tua beleza, soberana e sertaneja,
Que só tu possuis e vives a ostentar.
E que encontro nestas ruas palmilhadas,
E nas tuas praças, onde eternas juras de amor,
São levadas pela brisa morna e acanhada,
Aos ouvidos sequiosos do culpido sonhador.
E no luar que prateia os teus morros guardiões,
Como se fossem espadas reluzentes, em protidão,
Na defesa de teus filhos, teu trono, tradições,
Nas tuas cálidas noites enluaradas de verão.
Naquela lagoa encantada ou em teus riachos infantes,
Que generosamente deixas de tuas entranhas nascer
E que alimentam o plácito rio que te adentra, confiante,
Como um amante desejoso de cuidados e prazer.
Na exuberância de tuas matas verdejantes,
Onde cantam os bem-ti-vis, xexéus e juritis,
Ou nas palhas das palmeiras tremulantes,
Dos nativos babaçus, macaúbas e buritis.
Na simplicidade de vida de teu povo, tua gente,
Nos teus poetas, trovadores, todos teus talentos,
Na glória do teu passado, na riqueza do teu presente,
Que norteiam teu futuro, esperançoso acalento!
És minha Caxias, és Siriema, Trezidela, Cangalheiro e Ponte,
És Fumo Verde, Volta Redonda, Veneza, Pirajá, tantos e tantos!...
Um cântico sem final, que por mais que eu o cante,
Jamais poderei neste canto louvar todos os teus encantos!
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TESE
(Renato Meneses)
Destarte cidade luso-conservadora
de gáudios monarquistas, veacos ilustres
e heróis caguetes
puças de generosidade da boria do algodão
que à sorrelfa fugiam de penas pecuniárias
falando o mais fino francês.
Antítese
Entanto, braços bons de trabalhar
mulheres boas de fornicar
esculpiam ninguendades de anjos,
cosmes e gomes
em balaios de guerrilha.
Síntese
Eis a arquelogia nossa:
fósseis de puças e balaios
ancestral contradição infletida em nós.
Desteoria
Eu por mim, advento desse fóssil
Mas há quem desteoria.
Um agroval deles incompagina-se
com essa metáfora de existidura forjada na ancestralidade
São feitos de amanhecimento sem memórias.
Quando muito vesperais do efêmo presente.
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CAXIAS
(João Fonseca Maranhão)
Caxias, minha eterna namorada,
Jamais te esquecerei, terra querida!
Vejo-te nos meus sonhos retratada,
Nos momentos de dor de minha vida.
Não és, por certo, uma ilusão perdida:
És saudade em minh´alma encastelada,
Flor dileta de mim nunca esquecida,
Poema de luz em noite enluarada.
O teu céu, luminoso, cintilante
Sereno, dum azul resplandescente
É que sempre me acena para adiante.
Mesmo de longe, tenho-te bem perto;
Terra querida, sabiá dolente,
Juntos sonhamos um porvir incerto.
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CAXIAS RECORDADA
(Adailton Medeiros)
-- Caxias!
-- Caxias!
-- Caxias!
-- ó Pátria
guardai no vosso peito
o nosso grito nunca proferido
-- Sim - Exatamente isto: o nosso grito
No entanto sabemos (com alegria) que
A morte é a vassoura do tempo:
Tudo limpa
Tudo faz desaparecer
Tudo da carne: a beleza e o tormento
Depois (tudo varrido: - limpo e reconciliado)
resta-nos ancorar no esquecimento
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PENSAMENTOS E VIVÊNCIAS
(José Armando Rodrigues de Sousa)
Nasci numa terra que as culturas são nativas.
Tem muita gente escrevendo poemas e poesias
Tem belezas que muitos ficam sem explicativas
Os encantos são tão belos e não são fantasias.
Nós temos Gonçalves Dias, o glorioso
Nós temos Coelho Neto, o redentor
Nós temos Manoel De Pascoa, o valoroso
Nós temos Carvalho Junior, o inspirador.
Nós temos Vespasiano Ramos, o estilista
Nós temos Teixeira Mendes, o embaixador
Nós temos o José Armando, o malabarista
Nós temos o Jotônio Viana, o navegador.
Temos muitos nomes a documentar
Temos muitos nomes a esclarecer vamos estes nomes exaltar
Tara que todos possam conhecer.
Temos o Morro do Alecrim
Temos o encanto da Veneza
Temos a beleza do Itapecuru
Temos o semblante das belas igrejas.
Temos praças tão lindas
Temos ruas bem longas
Temos bairros divertidos
Temos pessoas valorosas.
O seu nome é Caxias
A Atenas Brasileira
Princesa do Sertão Maranhense
O símbolo da verdadeira poética.
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CAXIAS DOS AMORES
(Alberto Pessoa)
Caxias única, singular
A tua história triste
É bela para se contar
Mas tua sina resiste.
Teus dias estão escritos
Nas peripécias da poesia
Nas ruas aventuras, magia
Na paixão de mil amores.
Minha cidade de amor
Que embeleza meus dias
Qual o canto do beija-flor .
Sei bem que sofro a tua falta
Mas o que mais me maltrata
É saudade de ti, que mata.
______________________________
TERRA DA POESIA
Letra e música: Carloman Rocha
TERRA DA POESIA
Letra e música: Carloman Rocha
Minha cidade
É a terra da poesia
Abraça toda arte
Da plástica, dança, teatro
À cantoria
Minha cidade
É a mais bonita do sertão
É minha princesa
É o meu ouro, é o meu chão
Minha cidade
É a mais bonita do sertão
É minha princesa
É o meu ouro, é o meu torrão
Tens o nome da flor
Do amor e da alegria
Caxias, Caxias
Terra da poesia
Caxias, Caxias
Cidade de Gonçalves Dias
Caxias, Caxias
Terra da poesia
Princesa
Tu és patrimônio
Da cultura do Maranhão
Realeza
Teu nome está cravado com ternura
Na minh'alma e no coração
A felicidade mora aqui
Entre palmeiras e sabiá
E a poesia une-se a alegria
Num só coração
Na mesma emoção
Esse céu, esse sol
É que te faz brilhar
Te amo princesa
Te amo Caxias.
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Música: Tributo à Caxias
(Naum EsteveS)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá
Nesse canto que eu canto,
Canto com alegria,
Canto pra você princesa,
Canto pra você Caxias.
Minha terra, minha cidade,
Você mora em meu coração.
Por onde for, vou cantar você,
Princesinha do Maranhão.
As tua praças, teus casarões
Misturam passado e presente.
Que fascinam e encantam a gente.
As tuas fontes,
Tem águas que são cristalinas,
Veneza beleza plena.
Caxias, linda menina!
Teus morros, tuas matas,
teus bichos,
Teu céu de beleza sem par.
As tuas palmeiras tão lindas,
Onde cantam o Sabiá.
Transmitem a tua beleza,
O teu encanto e magia.
Pra você minha o meu canto princesa,
Pra você o meu canto Caxias.
______________________________
(Salgado Maranhão)
Quando eu te reconheci,
havia um rio entre nós,
desde então sigo cantando
no leito da tua voz.
Quando eu te reencontrei,
já era marcado a ferro,
sem ao menos perceber
o poder do próprio berro.
Passa por mim esse slide
como um cinema secreto,
como se dessa paisagem,
fosse meu próprio alfabeto.
Me lanço por entre mares,
por caminhos que nem sei...
para o fim retornar
ao ponto que iniciei.
Mesmo listando ao presente
as memórias do futuro,
acabo por te encontrar,
cada vez que me procuro.
Quando eu te reconheci,
havia um rio entre nós,
desde então sigo cantando
no leito da tua voz.
Quando eu te reencontrei,
já era marcado a ferro,
sem ao menos perceber
o poder do próprio berro.
Passa por mim esse slide
como um cinema secreto,
como se dessa paisagem,
fosse meu próprio alfabeto.
Me lanço por entre mares,
por caminhos que nem sei...
para o fim retornar
ao ponto que iniciei.
Mesmo listando ao presente
as memórias do futuro,
acabo por te encontrar,
cada vez que me procuro.
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