sexta-feira, 13 de março de 2015

MÃE ANDRESA, CAXIENSE, UMA DAS PRINCIPAIS SACERDOTISAS DE CULTO AFRO-BRASILEIRO


 MÃE ANDRESA

ANDRESA MARIA DE SOUSA RAMOS 
(1854-1954), CAXIENSE, 
UMA DAS PRINCIPAIS SACERDOTISAS DE CULTO AFRO-BRASILEIRO

-- Viveu 100 anos. Antropólogos e cientistas de diversos países (Brasil, Portugal, Espanha, Estados Unidos, França) procuraram-na para entrevistas e estudos. É citada em diversos livros.

* * *

10 DE NOVEMBRO DE 1854 — Nesta data “nasce, em Caxias, ANDRESA MARIA DE SOUSA RAMOS, uma das mais famosas mães-de-santo do Maranhão e do Brasil. Seus antepassados tinham sido escravos na sua terra natal. O Dr. PAULO MARTINS DE SOUZA RAMOS, que foi governador e interventor no Maranhão, nas décadas de 1930 e 1940, era da mesma família. 

MÃE ANDRESA, como era chamada, foi líder espiritual da Casa das Minas, em São Luís, um dos terreiros mais antigos do país, da qual foi responsável durante 40 anos, de 1914 até sua morte, em 20 de abril de 1954, uma Quinta-Feira Santa. 

Era das poucas sacerdotisas (ou vodúnsi) reconhecidas como tendo recebido dois nomes africanos: Roiançama e Rotopameraçuleme, títulos ligados à obediência e humildade, ainda que em posição de chefia. Teve namorados e chegou a ser noiva, mas nunca se casou nem teve filhos. Seu proclamado amor por crianças levou-a a ser madrinha de mais de cem afilhados.

A Casa das Minas passou por grandes inovações sob a administração de MÃE ANDRESA, que em certos aspectos fez conhecido o seu lado autoritário.  De extrema generosidade, atendia a quem a procurasse, e não se escusava de fazer doações a pessoas necessitadas. Soube resistir às investidas do Estado Novo, quando tentaram tirar a Casa das Minas da Rua de São Pantaleão, no centro da cidade de São Luís. 


MÃE ANDRESA foi visitada por intelectuais de diversas partes do mundo: EDMUNDO CORREIA LOPES, etnolinguista e historiador português, que a visitou em 1937; ÁLVARO DE LAS CASAS, escritor espanhol, que esteve com ela em 1938; OCTÁVIO DA COSTA EDUARDO, antropólogo paulista, que em 1943/1944 fazia estudos de pós-graduação para a Northwestern University, de Nova York (EUA); MANOEL NUNES PEREIRA, etnógrafo maranhense, que dela recolheu depoimento em 1947, transformado em livro, onde registra que ANDRESA era “autoritária quando é mister; boníssima sempre”; o etnólogo e fotógrafo francês PIERRE VERGER, que a visitou várias vezes em 1948; o sociólogo francês ROGER BASTIDE, que a visitou em 1950; e o vice-presidente da República, CAFÉ FILHO, que a visitou em março de 1953.

MÃE ANDRESA, além de em livros dos autores acima, é citada ou biografada ainda em: "Histórias do Movimento Negro no Brasil", de VERENA ALBERTI (Fundação Getúlio Vargas, 2007); "Mito e Espiritualidade: Mulheres Negras", de HELENA THEODORO (Editora Pallas, 1996); "Querebentã de Zomandônu: Etnografia da Casa das Minas no Maranhão", de SERGIO FERRETTI (Edufma, 1996); "Caminhos da Alma: Memórias Afro-brasileiras", de VAGNER SILVA; "O Caminho das Matriarcas Jeje Nagô", de MARIA DO ROSÁRIO CARVALHO DOS SANTOS (Imprensa Oficial, 2005); "Folclore Maranhense: Informes", de JOSÉ RIBAMAR REIS (4.ª ed., 2004, s/ed.); "De Olho na Cultura", de ANDREIA LISBOA DE SOUSA e ANA LÚCIA SILVA SOUSA (Fundação Palmares, 2005).


EDMILSON SANCHES
edmilsonsanches@uol.com.br
Fotos: Mãe Andresa, em sua Casa, em São Luís - MA.

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