sábado, 29 de setembro de 2018

O escritor caxiense Wilson Marques


Eu não sei vocês, mas eu AMO ganhar livros, conhecer pessoas e fazer amigos! 

Sexta-feira (28) no encerramento da Feira de Literatura, Cultura e Turismo da Região dos Cocais, tive a honra de conhecer pessoalmente o caxiense Wilson Marques, autor de livros infanto-juvenis homenageado pela FLICT.


Acompanhando o talentoso escritor pelo local do evento, fiquei observando os olhares curiosos das crianças. Alguns pequenos leitores não disfarçavam a alegria ao tirar foto, ganhar um abraço ou um sorriso do autor. Momento lindo!




Wilson Marques é natural de Caxias, mas mora em São Luís. É formado em Comunicação Social, com habilitação jornalismo, pela Universidade Federal do Maranhão. Tem mais de uma dezena de livros publicados: A Arte e Manhas do Jabuti; A lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado; A menina Inhame; A menina levada e a serpente encantada; A revolta de Beckman e nos tempos de Pombal; As aventuras de Wiraí; Contos e lendas da Terra do Sol; Criações - mitos Tenetehara; Jonas no ventre do grande peixe; O Jovem João do Vale; O tambor do Mestre Zizinho; Os dois irmãos e o Olu; Quem tem medo de Ana Jansen?; Touchê e o Segredo da Serpente Encantada; Touchê e Rafa em “A invasão francesa e a fundação de São Luís”; Touchê e Rafa em Balaiada, a revolta; Touchê em “Uma aventura em noite de São João”; Touchê em “Uma aventura pela Cidade 
dos Azulejos”. 


E para minha felicidade, o escritor me presenteou com um box de livros. 


Fotos da FLICT








segunda-feira, 17 de setembro de 2018

As várias Canções do Exílio



CANÇÃO AO EXÍLIO
(Wybson Carvalho)

em minha terra havia palmeiras
e o canto dos sabiás.
nela, exalava o perfume
dos jardins urbanos.
dela, ouvia-se a linguagem
singela do cotidiano.

com a minha cidade crescia
a romântica dos poetas...
a inimizade humana
passava por sobre ela
em eólica turbulência rumo
às outras plagas,
para derramar-se noutros
cenários de ganância existencial.

à minha terra, na infância,
ouviam-se sinfonias sabianas
nas manhãs iniciais de um
futuro já desenhado ao abandono.

e, agora, quais árvores darão
abrigo a outros pássaros canoros
para entoarem um canto de saudade?

* * *
Uma canção
(Mario Quintana)

Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

* * *
Nova Canção do Exílio
(Ferreira Gullar)

Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos

Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim

Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata

Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias

que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos
 
* * *
 Canção do Exílio Facilitada
(José Paulo Paes)

lá? 
ah! 
sabiá… 
papá… 
maná… 
sofá… 
sinhá… 
cá? 
bah!

* * *
Pátria Minha
(Vinicius de Moraes)

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para 
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra 
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha 
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...

* * *
Terra das Palmeiras
(Taiguara)

Sonhada terra das palmeiras
Onde andará teu sabiá?
Terá ferido alguma asa?
Terá parado de cantar?

Sonhada terra das palmeiras
Como me dói meu coração
Como me mata o teu silêncio
Como estás só na escuridão.

Ah! minha amada amortalhada
Das mãos do mal vou te tirar
P'ra dançar danças de outras terras
E em outras línguas te acordar.

* * *
Sabiá
(Chico Buarque de Hollanda)

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar


Escritora Caxiense Contemporânea: Ana Cléia




Ana Cléia Oliveira, professora/poeta caxiense contemporânea formada em Letras, com especialização em Língua Portuguesa e avaliação educacional. Amante da literatura, ela tem a poesia como deleite e aventura. Assim declara Ana Cléia: “Se sou poeta, sou poeta de gaveta, sem pretensões literárias. A poesia pra mim é um grito que não quer calar..., é também instante, momento e fuga”. 

Espelho

Ah! Amor.
Esse amor, este, aquele.
Puro reflexo do teu ego.
Satisfação do teu desejo.
Vida una.
Preenche o teu vazio.
Transborda de ti mesmo.
Pena dos apaixonados.
Amor é individual.
Nunca foi coisa pra dois.

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Sem pouso

Espero no meu desespero
Vivo o tempo todo me ressignificando
As borboletas não querem mais pousar
E eu pouco me importo...
Não me venham cobrar humanidade
Eu não sou de agora
Sou de ontem
E não necessito de afirmações ou verdades.
Fora quem me autoriza e me concede piedade.

Dentro de mim, somente os ponteiros
cruzam as horas desertas.
Não ha horários, nem horas
O infinito é minha desonra e
estou bem preparada para ele.

No meu desespero espero.
Frequentemente despeço-me de mim,
Mas só consigo dizer: até logo.



Fonte: 

Carvalho Junior (Org.). Dicionários de poetas Caxienses. Disponível: https://www.facebook.com/dicionariodepoetascaxienses/.