sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O poeta maranhense Wybson Carvalho



O poeta Wybson é senhor de uma dupla abrangência: a da tradição que lhe antecede e resguarda o verso e a da vanguarda que, contemporânea de um processo sempre a advir, o impele à modernidade do canto. 

Sem se intimidar com a tradição imposta por Gonçalves Dias, sabendo-a, como toda tradição, uma túnica a ser usada sobre outros ombros, e sem fugir às experimentações do novo, abrangendo-o pela rarefeição do moderno, Wybson consegue um equilíbrio entre o que foi e o que será. Sobre aquilo que é, nesses versos que lhe são agora um ponto de onde seguir para mais amplos oceanos, constrói ele, atualmente, um modelo inicial de engenharia imagética e de fazer lírico. 

Seus versos têm, na síntese capsulada das imagens, um impressivo ritmo de urgência e imediatez: flashes momentâneos de um homem a revelar-se em angustia e pensamento pela necessidade do canto. São, estes poemas, a realidade arrancada de uma cidade que teima em cultuar o velho, sem aprender e dar vazão ao novo, que vive, contudo, graças a poetas como este Wybson, testemunha privilegiada de uma nova hora e de um mais amargo e, no entanto, maravilhoso tempo.” (Nauro Machado)




Wybson José Pereira Carvalho é natural de Caxias, Maranhão, nascido no dia 30/06/1958. É poeta, funcionário público e jornalista colaborador em vários periódicos maranhenses. Filho de Francisco das Chagas Melo e Teresinha de Jesus Pereira. É o primogênito de uma filiação de quatro irmãos: Robson, Girlane, Cirlane e do advogado e também poeta, Naldon Carvalho.

O poeta Wybson Carvalho é membro fundador da Academia Caxiense de Letras, na qual tem assento à Cadeira, número 30, patroneada pelo poeta caxiense João Vicente Leitão, e, atualmente, está presidente da confraria das letras caxienses ao exercício do biênio 2012/2014. 

Começou a escrever ainda jovem, e possui vários livros de poesias publicados. Em 2000 foi inserido nacionalmente na obra antológica Brasil 500 Anos de Poesia. A poesia de Wybson Carvalho caracteriza-se pela versatilidade de formas e temas. Um letrista brilhante, que ao apodera-se de uma gama variada de recursos poéticos consegue nos comover e sensibilizar com sua obra, ou seja, o poeta caxiense Wybson Carvalho, nada mais é, do que um verdadeiro mestre em lapidar as palavras.

Canção ao Exílio

em minha terra havia palmeiras
e o canto dos sabiás.
nela, exalava o perfume
dos jardins urbanos.
dela, ouvia-se a linguagem
singela do cotidiano.
com a minha cidade crescia
a romântica dos poetas...

a inimizade humana
passava por sobre ela
em eólica turbulência rumo
às outras plagas,
para derramar-se noutros
cenários de ganância existencial.

à minha terra, na infância,
ouviam-se sinfonias sabianas
nas manhãs iniciais de um
futuro já desenhado ao abandono.
e,agora,quais árvores darão
abrigo a outros pássaros canoros
para entoarem um canto de saudade?

***

Preferência

do amor,
quero a causa da intenção,
para que ele exista em mim e em ti.
do ódio,
não quero a intenção da causa,
para que ele desista de nós.

***
Certíssimo e Crença

eis a questão!
sal ao pão, para a existência da matéria.
doce à ilusão para a vida eterna do espírito.
aleluia à fé...

***
Bar

literalmente,
um pasto abundante de iguarias
servidas às almas, nele, famintas
em vulnerável alegria da embriaguez
e sob espetáculo do teatro possível;
cenas protagonizadas por atores da fantasia,
necessária.

***
Fome

ausência de iguarias
nos recipientes à mesa
do oferecimento aos desvalidos...
presença do vazio
nas vísceras do estomago
embrulhado pelo papel da sociedade.



Obras publicadas:

- Neófitos da Terra – coletânea de poesias (1987) 
- Eu Algum – poesia (1994)
- Iguaria Real – poesia (1995) 
- Inferno Existencial – poesia (2001) 
- Ambiência da Alma – poesia (2002)
- Personagens – poesia (2003)
- Poesia Reunida – 1ª edição/coletânea (2006) 
- Poesia Reunida – 2ª edição/coletânea comemorativa aos 50 anos do poeta (2008)
- Necrópolis – poesia 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Volta - Francisca Girlene



 Quando você partiu querido,
Meu coração quis ir junto,
não quis ficar comigo.

O vazio tomou conta do meu ser,
Às noites tenho passado em claro,
Feito louca grito por teu nome a todo instante.

Volta querido, volta!
Não demores!
E traga consigo:
 alegria para minha vida,
luz para a minha alma,
brilho para os meus olhos
e melodia para meus ouvidos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Hino de Caxias - Maranhão


Hino de Caxias
Letra: Teodoro Ribeiro Júnior
Música: Elpídio Pereira 

*****
Clara estrela no céu maranhense, 
Lira flébil do meigo cantor,
Tua luz outra estrela não vence,
Nem a lira mais cheia de amor.
Vamos juntos no albor destes dias
Os louvores cantar de Caxias ( bis )

És a virgem toucada de rosas,
Que te miras nas águas do rio,
De onde as ninfas sutis, invejosas,
Vêm beijar-te o perfil erradio.
Vamos juntos no albor destes dias
Os louvores cantar de Caxias ( bis )

Broquelada na paz tu trabalhas,
E na paz confiada descansas,
Mas não temes o fragor de batalhas,
Quem já trouxe a vitória nas lanças.
Vamos juntos no albor destes dias
Os louvores cantar de Caxias ( bis )

Não crearam teus seios escravos,
Bentos seios do alvor da camélia,
Que nós somos unidos e bravos.
Filhos gracos da nova cornélia.
Vamos juntos no albor destes dias
Os louvores cantar de Caxias ( bis )

Glória! Glória! As façanhas proclamem,
Da princesa do adusto sertão,
Cuja fama e valor se derramam,
Pelas terras do audaz Maranhão.
Vamos juntos no albor destes dias 
Os louvores cantar de Caxias ( bis )


Vocabulário do Hino Caxiense

[1] Lira – Instrumento musical de cordas
[1] Flébil – Lacrimoso, choroso, lastimoso
[1] Meigo – Amável, afável, bondoso
[1] Albor – A primeira luz da manhã 
[1] Louvores – Elogio, gabo, glorificação, exaltação
[1] Toucada – Ornada de touca, coroada.
[1] Mirar – Cravar a vista em; fitar os olhos em; fitar; encarar
[1] Ninfas – Divindade fabulosa dos rios, dos bosques e dos montes.
[1] Sutis – fino, delgado, grácil; feito com delideza
[1] Invejosas – Que tem inveja; olhar invejosamente
[1] Perfil – Contorno do rosto de uma pessoa ou de um objeto visto só de um lado
[1] Erradio – Errante, perdido no caminho; desnorteado, transviado
[1] Broquelada – que tem forma de um broquel; aquele que se armava de broquel
[1] Fragor – Ruído muito forte, estrondo
[1] Batalhas – Ato essencial da guerra
[1] Vitória – Ato ou efeito de vencer o inimigo
[1] Lanças – Arma ofensiva ou de arremesso
[1] Seios – Enxada, golfo, pequeno porto ou baia
[1] Bentos – Profundidade, profundos
[1] Bravos – Indica aplauso, admiração 
[1] Gracos – Filhos de família Romana
[1] Camélia – Arbusto ornamental da família das teáceas (Camélia japonira), originário da Ásia, de folhas verdes-escuras, pequenas, grossas e serreadas, belas flores grandes, alvas ou rosadas, com muitas pétalas e sem perfume
[1] Gloriar – cobrir-se de gloria 
[1] Façanhas – Ato Histórico; coisa admirável, notável ou difícil de executar
[1] Adusto – Queimado, abrasado, ressequido
[1] Sertão – Região agreste, distante das povoações ou das terras cultivadas; terreno coberto de mato, longe do litoral
[1] Audaz – que tem audácia, ousado, corajoso, temerário



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Poema da Mochila - Wanda Cristina



Irei partir, levando  na bagagem
 o teu olhar de sempre.
E caso eu não voltar, pergunta
pelo menos se eu voltei.
Irei partir, levando na mochila
todos os teus sorrisos.
Levando dentro dos olhos, 
o teu adeus sem voz.
Levando em meu caminho,
a estrada do teu rosto.
Levando em minhas rugas,
os dedos das tuas mãos.
Levando na minha lacuna,
o X de ti.
Irei partir...
E se um dia quiseres
 saber pra onde fui,
pergunta, meu amor, pergunta...
pergunta para alguém,
pra onde eu te levei.


_________________________________
Wanda Cristina - é jornalista, professora, 
escritora e  poetisa maranhense
Nasceu em São Luis - Maranhão

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O Castigo das Fadas - IRIS MENDES


Sentimentos
São laços de fadas que envolvem os humanos
Os meus, jamais devotei a alguém
Então caiu sobre mim um feitiço:
Nem príncipes, nem madrinhas ou amigos;
Nem toque de varinha de condão.
Nada de abobora ou sapatinhos,
E é por isso que tenho os pés no chão.
Caminho numa estrada sem lua.
O fim da estrada é pra solidão.


Poema da escritora Caxiense IRIS MENDES
(MENDES, Sociedade das Letras: Prosa, Poesia e Cia/ 2001)
Leia mais: http://litercax.webnode.com/blog/

Fuxico de Passarim- Lília Diniz




Cadê rouxinol
cadê bico de brasa
cadê tico-tico
cadê fogo pagou
será que de tanto
ouvir meu penar
avoaram e se foram
buscar meu amor

Cadê jaçanã
cadê bem-te-vi
cadê sabiá
que hoje não cantou
será que de tanto
ouvir meu lamento
avoaram e se foram
buscar meu amor

Que todo mundo sabe
periquito já contou
arara já deu notícia
joão de barro espalhou
juriti anda dizendo
que tou roxinha de amor

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A atriz e escritora maranhense "Lília Diniz passeia pelo universo
 simbólico sertanejo: quebradeiras de coco babaçu, buritis, cordel, 
repente nordestino, emboladores de coco e poetas populares."
Isso é apenas um convite para que visitem o blog da autora:http://liliadiniz.blogspot.com.br


LAURA ROSA, a “Violeta do Campo”

                                          


Laura Rosa, nascida em São Luis do Maranhão, no dia 1º de outubro de 1884. Por amor à língua portuguesa e às letras, formou-se em Normalista do Magistério, e, como professora, veio para o sertão, ainda, na segunda década do século passado com a finalidade de lecionar na antiga Escola Normal de Caxias. 

Em sua terra natal, durante sua escolaridade, escreveu inúmeros poemas e participava, ativamente, da vida literária estudantil ludovicense, vindo a ser cognominada de “violeta do Campo”; pseudônimo com o qual assinava seus poemas. 

Na princesa do Sertão Maranhense, a poetisa, Laura Rosa, foi hóspede durante muitas décadas da valorosa professora caxiense, Filomena Machado Teixeira, e, com a qual, foi das primeiras incentivadoras da criação da Academia Caxiense de Letras, e, na qual, é patrona da Cadeira que pertenceu a Adailton Medeiros e que deverá ser ocupada, brevemente, pela professora e escritora Joseane Maia, membro da Casa de Coelho Neto.

Antes de sua partida para uma dimensão de além-vida, a poetisa realizava em procedimento espontâneo, quase que diariamente ao receber visitas, verdadeiros saraus poéticos na companhia de escritores e poetas caxienses, dentre os quais: Cid Teixeira de Abreu, Déo Silva, João Vicente Leitão, Abreu Sobrinho, Vitor Gonçalves Neto, Jota Cardoso e, ainda, os estudantes ginasiais àquela época: Edmilson Sanches e Wybson Carvalho, bem como outros jovens poetas da cidade, quando em adolescência, se intrometiam entre ela e eles para aprender a ouvir e passar a gostar de poesias. Laura Rosa se encantou, em Caxias, na data de 14 de novembro de 1976, aos 82 anos de vida dedicados ao magistério e às letras. Laura Rosa, foi a primeira mulher maranhense a ter acento a uma Cadeira na Academia Maranhense de Letras. 

Eis, alguns trechos do discurso de posse da poetisa Laura Rosa, proferido no dia 17.04.1943, no Salão Nobre da Casa de Antônio Lobo (AML).

No discurso, destaco um ponto que parece comum na posse de membros homens e/ou mulheres, à referência a algum amigo mais próximo, o qual parece ser responsável pela indicação do membro para ocupar à vacância da Academia.

“Manda a justiça que vos diga, em primeiro lugar, que me trouxeram para esta casa de sábios ilustres as mãos amigas de Corrêa de Araújo e Nascimento de Moraes com a benevolência de seus pares. Trouxeram-me, porque, de mim mesma, nunca imaginei suficientes os meus versos, para merecimento de tão honrosas credenciais”.

A humildade com que a escritora se apresenta frente aos seus atuais confrades prolonga-se por algumas frases reforçando a valorização dos membros mais antigos e, ao mesmo tempo, sutilmente reconhecendo o valor de suas poesias.

“Eis-me, portanto, aqui, Senhores, a primeira mulher que aqui entra, porque assim o quiseram os homens ilustrados desta agremiação, guardiãs fiéis de nossas tradições literárias”.

Esqueleto da folha
(Laura Rosa)

Vede, senhor, apodreceu na lama
Eu a vi há muito tempo entre a folhagem
Antes do vento lhe agitar a rama
E do regato, sacudi-la à margem.

De vigente e de vede tinha fama
Da folha mais famosa da ramagem
Desceu nas águas e resta da viagem
O labirinto capilar da tinta.

Ninguém pode fazer igual verdade
Nem filigrama mais perfeito e lindo
Nem presente melhor pode ser dado.

Guardai Senhor, guardai este esqueleto
Todo cuidado! É uma folha ainda
Onde escrevo de leve este soneto.


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Fonte: Texto de autoria do poeta  Wybson Carvalho,  membro da Academia Caxiense de Letras


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Lambidas - Salgado Maranhão


as orquídeas que você
guardou em mim
viraram pasto de colibris,
viraram línguas enamoradas,
hospedaria de estrelas,
as lambidas que você deixou em mim,
marcaram mais que as dentadas,
beijinhos após o lanche
trepadas com chantilly.
o que há de grandioso
em tudo isso
é o que não se desgasta
com o tempo,
nem com a erosão da dor,
nem mesmo com o pulso aberto
em goles de tinta viva.
o que há de valioso
nisso tudo,
só se inflam e ferve
com a vida exposta
em plataformas de beleza e fogo,
com a boca triunfando em gargalhadas.



Poeta caxiense Salgado Maranhão

Cruel - VESPASIANO RAMOS



     
Ah, se as dores que eu sinto ela sentisse,
se as lágrimas que eu choro ela chorasse;
talvez nunca um momento me negasse
tudo que eu desejasse e lhe pedisse!

Talvez a todo instante consentisse
minha boca beijar a sua face,
se o caminho que eu tomo ela tomasse,
se o calvário que eu subo ela subisse!

Se o desejo que eu tenho ela tivesse,
se os meus sonhos de amor ela sonhasse,
aos meus rogos talvez não se opusesse!

Talvez nunca negasse o que eu pedisse,
se as lágrimas que eu choro ela chorasse
e se as dores que eu sinto ela sentisse! . . .



Poeta caxiense VESPASIANO RAMOS

As pombas- Raimundo Correia



Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...



Poeta maranhense Raimundo Correia
O soneto ora apresentado foi publicado no livro "Sinfonias",
 Livraria Editora de Faro & Lino - Rio de Janeiro, 1883.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Amor


Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
"Deus está no meu coração",
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus".
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.

Poema de Gibran Khalil Gibran
Vídeo disponível no 
O Amor- Khalil Gibran- Narração: Letícia Sabatella
Canal de Milton Fernandes

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha



 

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, 
A essa hora dos mágicos cansaços, 
Quando a noite de manso se avizinha, 
E me prendesses toda nos teus barcos... 

Quando me lembra: esse sabor que tinha 
A tua boca... o eco dos teus passos... 
O teu riso de fonte... os teus abraços... 
Os teus beijos... a tua mão na minha... 

Se tu viesses quando, linda e louca, 
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo 
E é de seda vermelha e canta e ri 

E é como um cravo ao sol a minha boca... 
Quando os olhos se me cerram de desejo... 
E os meus braços se estendem para ti...


Florbela Espanca

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Amigo



De ti, meu grande amigo,
Eu nunca esquecerei.
De amiga tu me chamas,
De amor te chamarei.

A ti, meu grande amigo,
Dou uma rosa com ardor.
Espero que essa rosa
Seja o fruto do nosso amor.

Estarei à tua espera
Entre flores e sorrisos;
Em tempos de primavera
Acharei o paraíso...

Poema de Vilma Antônia



SÓ TU - Paulo Setubal



Dos lábios que me beijaram, 
Dos braços que me abraçaram 
Já não me lembro, nem sei... 
São tantas as que me amaram! 
São tantas as que eu amei!

Mas tu - que rude contraste! 
Tu, que jamais me beijaste, 
Tu, que jamais abracei, 
Só tu, nest'alma, ficaste, 
De todas as que eu amei.


Poema de Paulo Setubal
Tatuí/SP

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Uma rima pra você


Em versos rimados, 
beijos roubados.
Cartões guardados, 
sonhos empoeirados.
Abraços apertados, 
sorrisos escancarados.
Mãos entrelaçadas, 
promessas renovadas.
Será que já te disse alguma vez 
que eu te amo sem rimar?
É mal de poeta, quer impressionar.

Poesia de Mariana Siqueira

CONVITE

I SARAU NA "PELE DA PALAVRA"
Dia 08 de novembro de 2014, às 19 horas
No Empório das Panquecas
(morro do Alecrim - Caxias/MA) 


sábado, 18 de outubro de 2014

Carnaval (Francisca Girlene)

 

Hoje vestirei a roupa mais bonita,
um vestidinho bem delicado,
para encontrar meu namorado.

Hoje enfeitar-me-ei com um colar de pérolas no pescoço,
Usarei perfume com aroma de rosas,
e estamparei o meu mais belo sorriso no rosto.
               
Hoje despirei todos os meus medos,
trajarei uma langerie sensual,
depois do primeiro beijo,
Eu e Ele faremos o nosso carnaval.


MARANHENSES ILUSTRES - PARTE II

POETAS E ESCRITORES MARANHENSES IMORTAIS DA
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - ABL

ADELINO FONTOURA - Adelino Fontoura Chaves (Axixá/MA, 30 de março de 1859 — Lisboa, 2 de maio de 1884). Ator, jornalista e poeta do romantismo brasileiro. Ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras em 1897, seu amigo Luís Murat escolheu-o como patrono da cadeira nº 1 por ele criada. O poeta colaborou numa publicação chamada “Os Xênios”, de teor satírico; colaborou, também, nos periódicos “Folha Nova”, “O Combate”, “A Gazetinha” e “A Gazeta da Tarde”. É o único caso de um patrono, na Academia Brasileira de Letras, sem livro publicado em vida. Sua produção literária durante anos ficou espalhada por revistas e periódicos onde trabalhou, sendo reunidas na Revista da Academia (números 93 e 117) e depois reunidas em 1943 e em 1955, por Múcio Leão. 

COELHO NETO – Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias/MA, 21 de fevereiro de 1864 — Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1934). Professor, político, romancista, contista, crítico, teatrólogo, memorialista e poeta, considerado o Príncipe dos Prosadores Brasileiros, autor do epíteto "Cidade Maravilhosa" em homenagem à Cidade do Rio de Janeiro e deu o titulo de "Cidade Verde", a Teresina capital do Piauí. Integrou o Parnasianismo, movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. Além de assinar trabalhos com seu próprio nome, escrevia sob inúmeros pseudônimos, entre outros: Anselmo Ribas, Caliban, Ariel, Amador Santelmo, Blanco Canabarro, Charles Rouget, Democ, N. Puck, Tartarin, Fur-Fur, Manés. Usou em sua obra um vocabulário cheio de artifícios retóricos. Escreveu mais de 100 livros e aproximadamente 650 contos. Foi membro e fundador da cadeira n° 2 da Academia Brasileira de Letras, e também  presidente da ABL (1926). Principais obras: Rapsódias, contos (1891); A Capital Federal, romance (1893); Fruto proibido, contos (1895); Inverno em flor, romance (1897), A descoberta da Índia, narrativa histórica (1898); A tormenta, romance (1901); Turbilhão, romance (1906).

ALUÍSIO AZEVEDO - Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (São Luís/MA, 14 de abril de 1857 — Buenos Aires, 21 de janeiro de 1913). Romancista, teatrólogo, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro, além de bom desenhista e discreto pintor. Em 1881 publica “O Mulato", romance que iniciou o Movimento Naturalista no Brasil. Ao lado do irmão, dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, escreveu varias peças teatrais e fundou a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira nº 04. Sua principais obras: Uma Lágrima de Mulher, romance, 1879; O Mulato, romance, 1881; A Flor de Lis, teatro, 1882; 1882; Casa de Pensão, romance, 1884; O Cortiço, romance, 1890; A República, teatro, 1890; Um Caso de Adultério, teatro, 1891; Demônios, contos, 1893; O Livro de uma Sogra, romance, 1895; Pegadas, contos, 1897.

RAIMUNDO CORREA – Raimundo da Mota de Azevedo Correia (nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na baía de Mogúncia/MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911). Professor, diplomata, juiz e poeta. Foi um dos fundadores e ocupou a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras. Seu livro de estreia, "Primeiros Sonhos" (1879) insere-o ainda no Romantismo. Com o livro Sinfonias (1883), assume o parnasianismo e passa a integrar a "Tríade Parnasiana" ao lado de Alberto de Oliveira e Olavo Bilac. Ele se diferencia um pouco dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo, chegando até a ser sombria. Porém, sua obra é marcada pelo apurado requinte formal do poeta. Na obra Sinfonias, encontra um dos mais conhecidos sonetos da língua portuguesa, “As pombas”. Este poema valeu a Raimundo Correia o epíteto de “o Poeta das Pombas”. Principais obras: Primeiros Sonhos (1879); Sinfonias (1883); Versos e Versões (1887); Aleluias (1891); Poesias (1898).

GONÇALVES DIAS – Antonio Gonçalves Dias, poeta, professor, crítico de história, etnólogo. Nasceu no Sitio Boa Vista, na mata do Jatobá, municipio de Caxias/MA, em 10 de agosto de 1823, e faleceu no dia 3 de novembro de 1864, em um naufrágio do navio francês Ville de Boulogne perto do Farol de Itacolomi, na costa do Maranhão. É considerado o maior poeta indianista brasileiro da geração romântica. Adepto do Romantismo, adotou o tema do índio para dar feição nacionalista à sua literatura . Na segunda parte do Hino Nacional, os trechos que estão entre aspas foram extraídos do poema Canção do Exílio: "Nossos bosques têm mais vida", “Nossa vida" no teu seio "mais amores". É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira. É o patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras.

ODYLO COSTA - Odylo Costa Filho (São Luís/MA, 14 de dezembro de 1914 — Rio de Janeiro, 19 de agosto de 1979). Jornalista, cronista, novelista e poeta brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras cadeira nº 15. Principais obras: Graça Aranha e outros ensaios (1934); Livro de poemas de 1935, poesia, em colaboração com Henrique Carstens (1936); Distrito da confusão, crônicas (1945); A faca e o rio, novela (1965); Tempo de Lisboa e outros poemas, poesia (1966); Maranhão: São Luís e Alcântara (1971); Cantiga incompleta, poesia (1971); Os bichos do céu, poesia (1972); Notícias de amor, poesia (1974); Fagundes Varela, nosso desgraçado irmão, ensaio (1975); Boca da noite, poesia (1979); Um solo amor, antologia poética (1979) Meus meninos e outros meninos, artigos (1981).

JOÃO LISBOA - João Francisco Lisboa, cognominado o “Timon Maranhense” (Pirapemas/ MA, em 22 de março de 1812 – Lisboa/Portugal, 26 de abril de 1863). Jornalista, historiador, orador, político e o principal crítico dos costumes de sua época. É o patrono da cadeira n. 18 da Academia Brasileira de Letras. Obras publicadas: Jornal de Timon, reunidos em dois volumes; Vida do Padre Antônio Vieira (obra inacabada, publicação póstuma); Crônica maranhense, 1969; Crônica Política do Império (Jornal de Timon), 1984.

HUMBERTO DE CAMPOS - Humberto de Campos Veras (Miritiba, hoje Humberto de Campos/MA, 25 de outubro de 1886 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1934). De origem humilde, foi jornalista, crítico, contista, memorialista. Foi o terceiro ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. O autor usou vários pseudônimos: Conselheiro XX, Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Publicou varias obras entre elas: Poeira, poesia (1910); Da seara de Booz, crônicas (1918); Vale de Josaphat, contos (1918); A serpente de bronze, contos (1921); Carvalhos e roseiras, crítica (1923); Antologia da Academia Brasileira de Letras (1928); Poesias completas (1933); Fatos e feitos, (1949); Diário secreto(1954).

JOAQUIM SERRA - Joaquim Maria Serra Sobrinho (São Luís/MA, 20 de julho de 1838 — Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1888) foi um jornalista, professor de gramática, político e teatrólogo brasileiro. É o patrono da cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras e nº 12 da Academia Maranhense de Letras. Adotou vários pseudônimos: Amigo Ausente, Ignotus, Max Sedlitz, Pietro de Castellamare, Tragaldabas. Foi ele o criador da moderna imprensa política, figura resplandecente na história da Abolição. Principais Obras: Julieta e Cecília, contos (1863); Mosaico, poesia traduzida (1865); O salto de Leucade (1866); (1866); Versos (trad.), de Pietro de Castellamare (1868); Um Coração de mulher, poema-romance (1867); Quadros, poesias (1873); Sessenta anos de jornalismo, a imprensa no Maranhão, 1820-80 (1883).

ARTHUR AZEVEDO – Arthur Nabantino Gonçalves de Azevedo (São Luis/MA, 7 de julho de 1855 – Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1908). Filho de David Gonçalves de Azevedo, vice-cônsul de Portugal em São Luís, e Emília Amália Pinto de Magalhães. Pseudônimos: Elói o herói, Gavroche, Petrônio, Cosimo, Juvenal, Dorante, Frivolino, Batista, e outros. Foi um poeta lírico, sentimental, representante do Parnasianismo brasileiro. Figurou, ao lado do irmão Aluísio de Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira nº 29. Principais Obras: Carapuças, poesia (1871); Sonetos (1876); Contos possíveis (1889); Contos em verso (1898); Rimas, poesia (1909); Contos cariocas (1928); Vida alheia (1929). Teatro: Amor por anexins (1872); A filha de Maria Angu (1876); Uma véspera de reis (1876); Jóia (1879); Almanjarra (1888); A Capital Federal (1897); O dote (1907); O oráculo (1956); Teatro (1983).

JOSUÉ MONTELLO – Josué de Sousa Montello (São Luís/MA, 21 de agosto de 1917 — Rio de Janeiro, 15 de março de 2006), jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista. Entre suas obras destacam-se: Os tambores de São Luís, de 1965, a trilogia composta pelas novelas Duas vezes perdida, de 1966, e Glorinha, de 1977, e pelo romance Perto da meia-noite, de 1985. Pertenceu a cadeira n. 29 da Academia Brasileira de Letras.

VIRIATO CORREIA - Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho (Pirapemas/MA, 23 de janeiro de 1884 - Rio de Janeiro, RJ, em 10 de abril de 1967). Jornalista, contista, romancista, teatrólogo, autor de crônicas históricas e o primeiro autor brasileiro de livros infantis. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, sendo o terceiro ocupante da cadeira 32. Escreveu o romance Cazuza, livro que abriu as portas da literatura infantil aos fatos da vida real, utilizando figuras e uma linguagem ágil, adequada à compreensão infantil. Principais Obras: Entres suas principais Obras: Contos do sertão (1912); Balaiada (1927); Varinha de condão (1928); Arca de Noé (1930); No reino da bicharada (1931); Cazuza (1938); A descoberta do Brasil (1930); As belas histórias da história do Brasil (1948); Sertaneja (1915); Juriti (1919); O grande amor de Gonçalves Dias (1959).

TEÓFILO DIAS – Teófilo Odorico Dias de Mesquita (Caxias/MA, 8 de novembro de 1854 — São Paulo, 29 de março de 1889). Advogado, jornalista e poeta brasileiro, sobrinho de Gonçalves Dias. É o e patrono da cadeira nº 36 da Academia Brasileira de Letras. Principais Obras: Flores e Amores, Caxias, 1874; Cantos Tropicais, São Paulo, 1878; Fanfarras, São Paulo, 1882; Lira dos Verdes Anos, São Paulo, 1878; A comédia dos deuses, São Paulo, 1888.

FERREIRA GULLAR - José Ribamar Ferreira (São Luís/MA, 10 de setembro de 1930). Poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. Foi agraciado com vários prêmios importantes: Molière, Saci pela obra “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, que é considerada uma obra prima do teatro moderno brasileiro. Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro “Resmungos” ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Foi agraciado com o Prêmio Camões em 2010. Em 20 de outubro de 2011, ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia “Em Alguma Parte Alguma”, que foi considerado "O Livro do Ano" de ficção. Em 09 de outubro de 2014, foi eleito como membro da Academia Brasileira de Letras, cadeira 37. Principais obras: "A luta corporal" (1954), "Dentro da noite veloz" (1975), "Poema sujo" (1976) e "Na vertigem do dia" (1980).

GRAÇA ARRANHA - José Pereira da Graça Aranha (São Luís/MA, 21 de junho de 1868 — Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 1931). Foi escritor e diplomata brasileiro, e um imortal da Academia Brasileira de Letras ocupante da cadeira 38. Considerado um autor pré-modernista no Brasil, foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, defendendo uma arte e poesia novas. Obras publicadas: Canaã, 1902; Malazarte, 1911; Estética da vida, 1921; Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco, 1923; O espírito moderno, 1924; Manifesto de Marinetti e seus companheiros, 1926; A viagem maravilhosa, 1929; O meu próprio romance, 1931; Obra completa, org. Afrânio Coutinho, 1969.

JOSÉ SARNEY - José Sarney de Araújo Costa "O poeta defensor da liberdade" (Pinheiro/MA, 24 de abril de 1930). É poeta, escritor, político e ex-presidente do Brasil. Fora batizado com o nome de José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, mas era costume naquela época associar o nome do pai ao nome do filho e as pessoas só se referiam a ele como Zé “do Sarney”, ou seja, José filho do Sarney. Quando o poeta tinha 18 anos mudou oficialmente o nome para José Sarney. Começou a escrever bem jovem e fez parte de um movimento literário difundido através da revista “A Ilha” que lançou o pós-modernismo no Maranhão. Foi eleito para a Academia Maranhense de Letras aos 22 anos. Hoje é membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira 38. Incluem-se entre as principais obras do autor: Marimbondos de fogo (poesia), 1978; Dez contos escolhidos, 1985; O Dono do Mar (romance), 1995; Saraminda (romance), 2000; Maranhão - sonhos e realidades (romance), 2010.


Fonte: ABL