quinta-feira, 17 de maio de 2018

O Sabiá nas fábulas de Monteiro Lobato e Rubens Alves




O Sabiá e o Urubu
Fábula de Monteiro Lobato


Era à tardinha. Morria o sol no horizonte enquanto as sombras se alongavam na terra. Um sabiá cantava tão lindo que até as laranjeiras pareciam absortas à escuta.

Estorce-se de inveja o urubu e queixa-se:

- Mal abre o bico este passarinho e o mundo se enleva. Eu entretanto, sou um espantalho de que todos fogem com repugnância... Se ele chega, tudo se alegra; se eu me aproximo, todos recuam... Ele, dizem, traz felicidade, eu mau agouro....

A natureza foi injusta e cruel para comigo. Mas está em mim corrigir a natureza; mato-o, e desse modo me livro da raiva que seu gorjeios me provocam.
Pensando assim, aproximou-se do sabiá que ao vê-lo armou as asas para a fuga.

- Não tenha medo, amigo! Venho para mais perto a fim de melhor gozar as delícias do canto. Julga que por ser urubu não dou valor à obras-primas da arte? Vamos, lá cante! Cante ao pé de mim aquela melodia com que há pouco você extasiava a natureza.

O ingẽnuo sabiá deu crédito àqueles mentirosos grasnos e permitiu que ele se aproximasse o traiçoeiro urubu. Mas este, logo que o pilhou ao alcance, deu-lhe tamanha bicada que o fez cair moribundo.

Arquejante, com os olhos já envidrados, geme o passarinho.

- Que mal fiz eu para merecer tanta ferocidade?

- Que mal fez? É boa! Cantou!... Cantou divinamente bem, como nunca urubu nenhum há de cantar. Ter talento: eis o grande crime!...

MORAL: A inveja não admite o mérito.





O sabiá na gaiola
Fábula de Monteiro Lobato


Lamentava-se na gaiola um velho sabiá.

- Que triste destino o meu, nesta prisão toda a vida... E que saudades dos bons tempos de outrora, quando minha vida era um contínuo pular de galho em galho em procura das laranjas mais belas... Madrugador, quem primeiro saudava a luz da manhã era eu, como era eu o último a despedir-me do sol à tardinha, cantava e era feliz...

Um dia, traiçoeiro visgo me ligou os pés. Esvoacei, debati-me em vão e vim acabar nesta gaiola horrível, onde saudoso choro o tempo da liberdade. Que triste destino o meu! Haverá no mundo maior desgraça?

Nisto abre-se a porta da sala e entra o caçador, de espingarda ao ombro e uma fieira de pássaros na mão.

Ante o espetáculo das míseras avezinhas estraçalhadas a tiro, gotejantes de sangue, algumas ainda em agonia, o sabiá estremeceu e horripilado verificou não ser dos mais infelizes, pois que vivia e ainda não perder a esperança de recobrar a liberdade de outrora.

Refletiu sobre o caso e murmurou consigo:

- Antes penar que morrer.

MORAL: Nunca se esquecem as lições aprendidas na dor. Enquanto há vida, há esperança.



Urubus e sabiás
Rubem Alves


Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. 

Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá.



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Referencias 

ALVES, Rubem. Estórias de Quem gosta de Ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1985, p.81-2.

LOBATO, Monteiro. Fábulas. 50.ed. Ilustr. Manoel V. Filho. São Paulo: Brasiliense, 1994.



sábado, 12 de maio de 2018

Poemas de escritores caxienses para as mamães




Hoje, segundo domingo do mês de maio, Dia das Mães, trazemos um conjunto de poemas de autores caxienses que têm a figura materna como tema principal. 





SER MÃE

(Coelho Neto)

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
O coração! Ser mãe é ter no alheio
Lábio, que suga, o pedestal do seio
Onde a vida, onde o amor cantando vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra,
Sobre um berço dormido; é ser anseio,
É ser temeridade, é ser receio,
É ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
Espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!


*** O tropicalista, letrista, poeta e jornalista Torquato Neto, incluiu versos do soneto "Ser Mãe" do escritor caxiense Coelho Neto na letra da música "Mamãe Coragem", interpretada lindamente por Gal Costa no disco TROPICÁLIA: "Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração".




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MATER
(Salgado Maranhão)

                                   p/Raimunda Salgado

De ti não há sequer
um álbum de família:
retratos da infância
nos campos de arroz e gergelim.

Talvez reste em pensamento
pedaços de tua voz 
no vento
como impressões digitais
num rio.

No dia em que o azul 
roubou teus olhos 
e o silêncio rival rasgou
teu nome, 
cotovias cantaram no meu rastro.
no dia em que a manhã 
cerrou teus olhos.

Sem ti
sou a flor da árvore 
desolada. Agora
o mar bate em minhas rochas
e a noite ronda meus calcanhares.

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MÃE)
(Wybson Carvalho

paraíso da carne 
em sangue de uma nova luz
 à vida derramada
 por sobre um destino advindo
 e continuado de
 um ventre abnegado...

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MÃE
(Quincas Vilaneto)

A palavra Mãe não se traduz

não é um nome, não é uma marca.

Não existe idioma no mundo
que possa definir ou explicar,
o amor incondicional de uma Mãe.

Ser Mãe é uma garantia de vida
desde o berço até a cruz.
Nela, está presente a divindade,
a sublime missão que Deus lhe confiou
por toda a eternidade.

Por ter gerado e carregado no ventre,
uma vida que nunca estará sozinha, mesmo
não tendo noção do que ela representa.

Quando a infelicidade toma lugar da felicidade
e o amor se confunde com o desamor,
ela sempre estará ali, para enxugar as lágrimas
e sempre disposta a está em seu lugar.



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ÁGUA DE ME INUNDAR

(Carvalho Junior)

como se a língua da tijubina
me beijasse cada ferida,
o teu sopro nos meus cabelos de menino
me azeita de febres e forças
para a travessia interminável
à margem que me azougueia.

mãe, minha índia,
minha gamela de amor.

mãe, minha vida,
olho d’água cercado,
de onde tiro
toda a água de beber,
a água de me inundar.

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E DEUS CRIOU A MÃE
(Firmino Freitas)

E Deus fez a mulher
Com sinuosas formas
E viu a perfeição criada.
E pensou Deus
A matriz está feita
Falta agora reproduzir
Cópias da mesma matéria.

E pensou Deus: façamos
Um ser diferente só na forma
E de igual espírito.
E Deus fez o homem
Com corpo sem curvas.

Soprou os corpos inertes
Dando-lhes vida.
E disse Deus:
Amai-vos com igual amor!

E o amor gerou o primeiro filho
E outros filhos e filhas
Que geraram mais filhos e filhas.

E olhou Deus a obra prima
E riu de prazer por entender
Que criara a MÃE, original obra,
Um ser perfeito e sem rima.

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MÃE
(David Sousa)

Amor no olhar, carinho na ação,
Ela tem!
Afeto na companhia, educação na travessia,
Ela tem!
Aconchego no abraço, paz no afago,
Ela tem!
Doçura na presença, grandeza nas palavras,
Ela tem!
Felicidade nos desejos, gratidão nas orações,
Ela tem!
Ensinamentos na vida, sabedoria pra vida,
Ela tem!
Título de guerreira, de advogada fiel,
Ela tem!
O verdadeiro amor no coração, porque uma geriu o Redentor,
Ela tem!
O dom da vida, Deus deu a todos nós, mas o dom de promover a vida, Ele concedeu às Mães!
Meu respeito, minha admiração e minha gratidão,
Elas têm!

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CONSTÂNCIA
(Íris Mendes)

A luz encosta na vida.
O dia percorre a casa. 
Constância renuncia à cama.
E todos, seguros e confiantes,
brotam dela em corpo e sangue;
em aparência e santa essência.

Composições perfeitas de sua existência.
Saíram porta afora arrumados,
a entranhar os caminhos da vida.
O tempo vai fiando,
dentro dos meninos, os homens.

Os homens vivem e trabalham
para que a rotina da casa não se apague.
Constância ama,
ensina os caminhos
e costura sonhos para os meninos.

Cuida bem da casa
para sustentar a civilização.
E a casa é sempre
o porto de todos os destinos.


terça-feira, 8 de maio de 2018

O poeta caxiense Manoel Caetano Bandeira de Mello





A Academia Caxiense de Letras declarou o ano de 2018 como
 'Ano Manoel Caetano Bandeira de Mello'


Bandeira de Mello nasceu em Caxias, Maranhão, em 30 de julho de 1918. Poeta, advogado escritor, professor e jornalista, passou a infância e a adolescência em São Luís, depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde residiu até sua morte. Foi membro da Academia Maranhense de Letras (AML) e sócio-fundador do Sindicato de Escritores e Jornalistas do Rio de Janeiro.

Obra poética: A viagem humana (1960); O mergulhador (1963); Canções da morte e do amor (1968); Da humana promessa (1976); Uma canção à beira-mar (1977); Durante o canto (1978); A estrada das estrelas (1981); Da constante canção (1983).


Tu podes te ausentar da minha vida

Tu podes te ausentar da minha vida
Seguindo sem meus olhos teu caminho
Podes se queres me deixar sozinho
Com tanta estrada a ser seguida

Não te sofra minha alma recolhida
Em si mesma na ausência de carinho
Se não te tenho sempre te adivinho
Esqueço em pensamento a tua partida

Talvez tivesse eu sofrido excesso
De amor que não limita o peito opresso
Pelo canto à procura de expressão

Mas não penses que o levas de vencida
Tu podes te ausentar da minha vida
Mas de minha alma que te inventa não

***

Soneto da Saudade

A volta aos dias claros da viagem 
quando meu corpo esguio adolescia 
e o espetáculo do mundo transcorria 
a meus olhos leveza de miragem 

Quando o brilho do campo era a imagem 
do que dentro de mim acontecia 
era tudo manhã do mesmo dia 
encontrada nas cores da paisagem 

Ainda escuto vozes peregrinas 
ensurdecidas distanciadas sinais 
que se passaram céleres no vento 

Ontem tudo tão vivo, hoje desmaia 
não há asa de voo que não caia 
na laje deste meu esquecimento.

***

O velho e a noite

Ó noite negra, noite das noites.
Ó noite fonte da própria fonte,
com o teu silêncio, com a tua sombra,
com a tua ausência, com o teu sono,
com a luz que te peja e que ocultas,
presa ao teu peso que a subjuga.
Ó protetora dos que não acham
a paz senão quando se apagam
no teu refúgio, perdidas faces.
Ó noite, noite, nunca passasses.


__________


Fonte:

MIRANDA, Antonio. Poeta Manoel Caetano Bandeira de Mello. Disponível no site http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/maranhao/manoel_caetano_bandeira_de_mello.html#topo. Acesso em 07/05/2018.

MELLO, Manoel Caetano Bandeira de. Canções da Morte e do Amor. José Olympio, 1968.

ACADEMIA CAXIENSE DE LETRAS.  Ano Manoel Caetano Bandeira de Mello. Disponível em: https://www.facebook.com/academiacaxiensedeletras. Acesso em 07/05/2018. 

domingo, 6 de maio de 2018

Escritoras Caxienses Contemporâneas - Parte 1



Mulheres são flores e força! 
São amor, sonhos, poesia!
(Ana Felix Garjan)


Para você que está em busca de escritoras caxienses contemporâneas, listamos nesta primeira publicação o nome de dez mulheres que vêm produzindo literatura em nossa cidade. É importante e necessário divulgarmos nossas autoras, independentemente dos gêneros literários, da quantidade de livros publicados ou prêmios conquistados. Elas são maravilhosas!!!!


1. ÍRIS MENDES 


Escritora, poeta, advogada, professora especialista em língua portuguesa e Direito Previdenciário. Íris Mendes é natural de Caxias (MA). Conquistou o 1º lugar no concurso de poesia do XVI ENEL (XVI Encontro Nacional de Letras), com o poema “Via Crucis”. Participou do livro Infância em Contos: Coletânea de Escritores Maranhenses (1998); Sociedade das Letras: prosa, poesia & Cia (2001) - trabalho realizado em coautoria com Elizeu Arruda e do caderno literário/antologia QUIBANO (2018). Escreve com regularidade e tem uma quantidade expressiva de poemas escritos que serão lançados em breve em um novo livro. 



SUBLIMAÇÃO

Um rio freme e buzina
e me impele
para a foz de uma segunda-feira.
Um tumulto agita os nervos da Avenida,
mas o relógio sorve os olhares
e determina o tempo da indiferença.
A vida ebule
de nossos ponteiros desacertados.
Sinal verde!
A agenda está aberta.
A cidade e eu seguimos,
uma girando a engrenagem da outra.
Há uma exclamação
no meio do caminho:
no semáforo um pássaro faz ninho!
Uma esperança morre no cruzamento.
Não dá mais sinal o coração.
O tempo atropelou algum sonho que ainda havia.
Arranca o motor da necessária e boa solidão.
A cidade e eu seguimos como vultos,
a despeito dos nervos, das buzinas e do tumulto.
Nosso acidente foi a quebra da ponte
que levava ao silêncio.
Só o olhar não dói:
escapou pendurado 
no voo do pássaro que buscou o céu!



2. HELOISA SOUSA





A romancista Heloísa Helena Santos de Sousa, nasceu em Caxias, mas reside em São Luís. Possui formação acadêmica na área de Letras e especialização em Literatura Infanto Juvenil. Escreve poemas, mas a sua paixão é o romance, tem 5 livros escritos e apenas um publicado. Estreou na literatura com o livro Laura (2014), que conta a história da jovem Laura, de 25 anos, que viaja para encontrar o marido que é gerente de hotel em Barreirinhas, portal de entrada dos Lençóis Maranhenses. Porém, muitas reviravoltas acontecem na vida de Laura e lá ela acaba conhecendo João Felipe, com quem vive uma intensa história de amor. O romance gira em torno de casamento, traição, família, ciúmes, juventude, câncer, decisões, solidariedade.


3. JOSEANE MAIA 




A escritora Joseane Maia, nasceu no povoado Santiago (Caxias – MA) em 10 de junho de 1958. Graduada em Letras pela UFMA, mestre em Educação pela UFPI e doutora pela USP. Tem artigos publicados em várias revistas e participou das coletâneas: Letras em Dialogo: estudos sobre linguagem e literatura (2007); Linguagens: múltiplos objetos, múltiplas leituras (2006); Língua e Literatura: interfaces da linguagem (2007) e O jogo do texto: perspectivas linguísticas e literárias (2010). É autora dos livros Literatura na Formação de Leitores e Professores (2007) e do livro infantil Festa no Céu e outros contos (2017). Joseane Maia é integrante da Academia Caxiense de Letras.



4. ALINE BORBA



A jovem caxiense Aline Borba é professora, escritora, graduada em História (UEMA) e Pedagogia (UEMANET). Foi premiada com o Troféu Nelson Mandela pelo texto “Sou Negro: com cor e sem cor”, publicado no livro A Matriz da Palavra - O Negro em Prosa e Verso (2015). A autora participou ainda das coletâneas: Confissões (2014); Entrelaços (2014); Poesias Escolhidas Vol.II: O Melhor de Mim (2014); Um Sentimento Chamado Amor (2014); Vozes de Aço (2015) e Cidade Poesia (2018).


PARTO

Sem motivo
Sem volta
Parto uma vida ou duas talvez
Parto mar
Vou indo como tantos
Sem asas
Sem destino
Sem saudades mundo afora
Parto simplesmente
Levando apenas trapos
Teu amor me deu só isso
Por isso: parto.



5. INÊS PEREIRA MACIEL




Inês Maciel é uma escritora caxiense, formada em Direito pela Universidade Federal do Maranhão. Exerceu vários cargos públicos. Iniciou sua produção literária como colaboradora do Jornal da Cidade. É membro da Academia Caxiense de Letras e tem uma diversificada produção literária. É autora dos livros: Ramas do Tempo (2003, crônicas); Virna (2014, romance); Despida (poesia, 2014); A Menina dos Olhos de Peteca (2014, infantil); Recôndito (2016, poesia). Participou das antologias A Vida em Poesias Vol. II (2017) e Catálogo de Escritores Lusófonos (2018).


MEU GRITO 

Rimo nos meus versos,
Os opostos, os inversos,
O que me fala o coração...

Perco-me no meu próprio grito,
Que sufocado, fraco e aflito,
Só mesmo eu escuto seu refrão...



6. SILVANA MENESES



Silvana Meneses, filha de Gentil Alves de Meneses e Ana Lourenço do Carmo de Meneses, nasceu em Caxias no dia 28 de março de 1958. É poeta caxiense contemporânea, professora doutora em Zootecnia (UNESP-SP), e membro fundadora da Academia Caxiense de Letras. Obras: Fluir (1986); Embarcação (1988); A Olho Nu (1992); Impressões em Haikais (1995); Outras Palavras (2005); Estação Poesia (2008); Reação (2015) e O Intenso Instante (2018).


PARA CAXIAS

sussurra no meu ouvido
balança-me, tremula as palmeiras
não existe mais exílio
estou em casa
com o tempo aqui preservado
os becos exalam antigos segredos
as águas ainda murmuram suas canções
os paralelepípedos
sufocados pelo asfalto
outrora pisados por poesia
resistem tal qual
as palmeiras e a sensibilidade
os pássaros voam e pousam
nas vidas entrelaçadas
o canhão lá no morro 
guardando o passado
- que de tão longe me dá uma saudade -
com as lembranças adormecidas
numa gaveta a sete chaves.


7. ELANY MORAIS 




Elany Morais, nasceu em Caxias-MA. É escritora, blogueira e colunista do jornal O Diário de Caxias e da Revista Acontece – CE. Atua como professora na rede Municipal e Estadual do Maranhão. Como educadora, criou o projeto Caminhos da Literatura, que têm como objetivo despertar e incentivar o interesse dos educandos pela leitura e literatura. Escreve os mais variados gêneros literários como poemas, contos, crônicas e memórias. Participou das antologias poéticas: Melhor de Mim (2014); Entrelaços (2014); Ondas Poéticas (2014); Pétalas (2015); Florilégio da Esperança (2018). É autora do livro Muitas de Mim (2017) e ainda esse ano será lançado o livro Luz e Sombra. Elany Morais faz o maior sucesso na internet com o público jovem e adultos, além disso, é bastante convidada para eventos literários. Jornais e suplementos literários têm classificado a escritora como uma das mais brilhantes da atualidade. Suas publicações podem ser encontradas no blog http://educadoraelanymorais.blogspot.com.br/, no site Recanto das Letras e na sua fanpage no facebook Palavraria Escrita. 


DESCONHECER-SE 

Do fundo do inconsciente, a ignorância destrói. 
A ignorância destrói nossos laços, 
nossas camas, 
nossos pertences... 
A ignorância destrói. 
E quem a encontra? 
Quem se importa com ela? 
Nunca a vi florir, nem é enjoativa. 
Perde-se tantas coisas: do fundo do
inconsciente, a ignorância destrói.
E ainda há quem diz: o perdido não é meu!!! 
A ignorância destrói como um abcesso maduro. 
Entre a ignorância e a destruição não há
intervalo de tempo nem de espaço
as coisa são pesáveis e sem nomes. 
A confusão de si afoga a estrela vital. 
Ignorar a si mesmo é viajar sem mapa, 
é cantar sem saber a melodia, 
é sucumbir num jogo escravista e debilitante, 
é viver de mãos dadas com o inimigo, 
é vingar-se de si próprio.




8. ANA FÉLIX GARJAN 




Ana Maria Félix Garjan é socióloga, pesquisadora em arte e literatura, escritora, poeta, acadêmica, artista plástica e fotógrafa premiada em artes plásticas, conto e poesia. Embaixadora da Paz- Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix - France/Suisse e presidente dos Grupos ARTFORUM Brasil XXI & Artforum Internacional. Membro da Academia Caxiense de Letras, da Confederação Brasileira de Letras e Artes, do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e de várias outras instituições culturais pelo mundo, possui considerável número de publicações e distinções literárias. Participou do livro de Arte Realismo Latino (2013); Antologia Mil Poemas para Gonçalves Dias (2013). É autora de várias obras, entre elas: Na Clave de Sol – Movimentos (1987) e Poéticas Azuis (2013). É e idealizadora da coletânea "Cartas para o Futuro" - das mulheres contemporâneas (2012). Tem trabalhos publicados em The Latinity Anthologies - Collected Poetry Society of América Latina Culture-MA e também no livro "Poesia Per La Vita" - a Edizione Universum - Trento, Itália (2001). Participou de exposições coletivas em Brasil, Alemanha, EUA, Itália, França, (2013) e Portugal (2014). Suas obras estão gravadas em diversos livros de artes plásticas, tais como: Latino Realism, Galeria de Arte no Brasil (Panorama da Arte Contemporânea) e Brasil de A a Z (Destaques e Personalidades).


MULHERES E SEU UNIVERSO

Mulheres famintas, censuradas
Amadas, exploradas, violentadas.
Mulheres em cenas e palcos da vida
Nas ruas, nas avenidas do mundo
Na sociedade, na família, no trabalho.

Mulheres nas lutas seculares
Vestidas ou nuas em suas histórias
Estética do tempo e da memória,
Artista, educadora, revolucionária.
Mulheres singulares, belas vencedoras
Estilística consciente em sonhos, conquistas.



9. ÂNGELA MARIA




A escritora Ângela Maria Gomes Pereira, é natural de Caxias, mas reside em São Luís. Formada em Letras, tem poemas publicados em várias coletâneas de livros na capital, entre eles: edição comemorativa da Academia Ludovicense de Letras, Mil Poemas para Gonçalves Dias e na coletânea 190 Poemas para Maria Firmina dos Reis também produzido pela Academia Ludovicense de Letras. A escritora participou do I concurso literário Justiça e Igualdade Social organizado pela editora Celeiro, com sede na Cidade de Dourados –MT, onde obteve menção honrosa para os poemas Sobrados e Sou Sol. 


DORES D'ALMA 

Desperto como que de um longo sono. 
Retraio as retinas cansadas. 
Cambaleio; talvez de susto, talvez de leveza. 
Tento relembrar onde estou, não reconheço. 
Esfrego os olhos num esforço 
de adaptação...agora eu sei: era só saudade;
leve e certeira, bem lá no fundo; 
escondida da vida, 
mas lá, só saudade, 
doída que só. 


10. JOINA BOMFIM 




Joina Bomfin é caxiense, mas reside em São Luís, onde é professora da Universidade do Ceuma. Também foi professora da UEMA e da rede estadual de ensino, na qual exerceu também as funções de assessoria e técnico em educação. É formada em Letras pela UEMA, é especialista em Língua Portuguesa pela PUC-MG, possui mestrado em Educação pela UFMA e é doutoranda pela ULHT em Lisboa. Lançou o livro de literatura infantil, Zequinha Zangado (1994), pelo SESC e possui publicações de artigos científicos nas áreas de Educação e Letras. Transita entre a poesia e a crônica. Seu ultimo livro "Poesia em Rede" foi publicado em 2017.


TEUS OLHOS...

Guardo em mim
A magia do silêncio
Eloquente
Do teu olhar
Tocando o meu
Passaste a morar
Em mim
E és a saudade
Que me impregna
E me mantém viva,
Intrépida
E os teus olhos?
Os teus olhos, eu gravei 
Nas retinas da minha alma
E na memória do meu coração
E o mais?
Posso dizer-te não




Referências Bibliográficas:



BOMFIM, Joina Alves. Poesia em Rede. Salvador: Editora Motres: 2017.

Carvalho Junior. Francisco de Assis (Org.). Dicionário de poetas Caxienses. Disponível: https://www.facebook.com/dicionariodepoetascaxienses/?ref=br_rshttps://www.facebook.com/dicionariodepoetascaxienses/?ref=br_rs. Acesso em 03/05/2018.

SOUSA, Isaac Gonçalves. MENESES, Renato Lourenço. VIANNA, Jotonio Moreira. Cartografias Invisíveis - Saberes e Sentires de Caxias. Academia Caxiense de Letras, 2015.