sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tempo (Carlos Drummond de Andrade



Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...

...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida, 
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua felicidade!


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crônica do Absorvente (Luis Fernando Veríssimo)


Aceitei o desafio de passar um dia com um modess na cueca. A primeira menção do assunto modess me causa uma vontade de gargalhar irracional. Pois eu resolvi que já era hora de encarar esse trauma de forma mais íntima.

O primeiro passo foi comprar a pequena fralda na farmácia. Isso foi fácil. Na verdade, foi até divertido. Fiquei torcendo pra mulher do caixa perguntar, e eu responder de forma bem "casual": "É pra sua namorada??? "Não. É pra mim!!!" Só que ninguém nem tchuns, o que prova que as meninas ficam constrangidas à toa. Na verdade, menstruar é uma parada normal.Acontece nas melhores famílias.

Comprei um não-sei-o-que "mini". Não ligo pra grifes, ainda mais de modess. Mas nesse caso, o que importava era o tamanho. E era mini. Porque, se é pra eu fazer esse papel de usuário de absorventes, pelo menos que eu não passe por arrombado. E a diferença de bitola entre o mini e o super é significativa, o que me fez pensar sobre como algumas mulheres são maiores que as outras...bom.

Comprei também um tablete Valda pra dar uma dechavada básica e fui pra casa realizar o sacrifício que me tornaria um membro da classe masculina mais compreensiva com o sexo oposto.

Chegando em casa, fui tentar abrir o pacote. Impulsivo por natureza, o homem não se dá ao trabalho de procurar linhas pontilhadas e, assim sendo, comecei abrindo errado. A abertura na horizontal tem um porquê, se adapta melhor à bolsa e deixa o absorvente mais à mão no caso de uma enxurrada inesperada. Mas eu ignorei, pois não uso bolsa.

Ao retirar a peça do invólucro, você tem que descolar uma abinha para grudar na roupa íntima.Se a menstruação em si não deixar "incomodada", essa almofada intrusa no seu chakra genital com certeza vai.

Calculei que o centro do modess ficasse na altura da "terra de ninguém", de forma que ele não invadisse o território peniano. O saco reclamou um pouco, já que não se tratava de uma cueca duplex com teto solar. Um pouco de paciência e um pequeno remanejamento espacial e tudo estava resolvido.

A primeira coisa que se pensa ao compor o modelão usando absorventes externos é: "Será que está marcando?".

Por isso é essencial que você faça tudo com a companhia de um aliado. Assim, você vai poder contar com um correspondente nos países baixos, que vai lhe avisar caso o modess cisme em querer se destacar na sua bunda.

Ao sair de casa, fingi que não tinha um objeto parasitário ultrajando a minha intimidade. Mas parece que está piscando um outdoor na sua testa avisando "estou de chico". E eu nem tava!!! Que absurdo...

Até encontrar seu aliado (a), é sempre bom dar uma conferida nos reflexos que você encontrar pelo caminho, como espelhos e vitrines, pra ver se está marcando. DANE-SE a queda na bolsa de Tóquio ou a reforma ministerial. O que importa é que ninguém perceba que você está aqueles dias.

E a preocupação é uma constante. Não dá pra esquecer que seu fundilho está acolchoado.

Ao final de minha jornada, foi um alívio tirar o cuecão e zunir o modess no lixo. Claro que eu tive o cuidado de dobrá-lo e escondê-lo no canto do lixo, antes, envolvendo com muito papel higiênico para que ninguém se deparasse com aquele objeto indesejável depois do almoço. Daí eu entendi por que às vezes tem um montinho de papel enrolado num canto da cestinha do banheiro.

Iuch! Se eu tivesse que usar isso a cada ciclo, ia ter uma crise pré-menstrual que ia durar uns trinta dias por mês. E as mulheres nem ganham adicional por insalubridade.

VOCÊS SÃO HEROÍNAS...AMO, ADORO VOCÊS MULHERES MARAVILHOSAS! 

Agora dá para entender um "pouco" essa tal de TPM!!!!! Aprendi a ser MAIS compreensivo.....com vocês. Sintam-se todas acariciadas por mim nestes períodos...

Fanatismo (Florbela Espanca)


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

sábado, 12 de junho de 2010

Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes)



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


  Da obra  "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960.

Oração do Amor Perfeito (Valentina Vaz, publicado no Recanto das Letras)



Que meu amor
Seja assim franco
Opaco e manso
Como a luz de um luar:

De brilho intenso e branco
Sereno encanto
Que me aquece sem queimar

Que eu te queira sempre assim
Liberto sim
Como a ararinha azul

Quase extinto:
Voe leste e sul
Ou oeste e norte
Mas que apenas volte
Por amor instinto

Que eu queira sem querer
Que eu me dê sem medo de doar
Que eu lhe seja um bem querer
Sem jamais lhe oferecer
O que meu íntimo ocultar.
Amém.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Seu Nome (Maria Firmina dos Reis, primeira poeta maranhense e primeira romancista brasileira‏)



Seu nome! em repeti-lo a planta, a erva,
A fonte, a solidão, o mar, a brisa
Meu peito se extasia!
Seu nome é meu alento, é-me deleite;
Seu nome, se o repito, é dúlia nota
De infinda melodia.

Seu nome! vejo-o escrito em letras d'ouro
No azul sideral à noite quando
Medito à beira-mar:
E sobre as mansas águas debruçada,
Melancólica, e bela eu vejo a lua,
Na praia a se mirar.

Seu nome! é minha glória, é meu porvir,
Minha esperança, e ambição é ele,
Meu sonho, meu amor!
Seu nome afina as cordas de minh'harpa,
Exalta a minha mente, e a embriaga
De poético odor.

Seu nome! embora vague esta minha alma
Em páramos desertos, - ou medite
Em bronca solidão:
Seu nome é minha idéia - em vão tentara
Roubar-mo alguém do peito - em vão - repito,
Seu nome é meu condão.

Quando baixar benéfico a meu leito,
Esse anjo de deus, pálido, e triste
Amigo derradeiro.
No seu último arcar, no extremo alento,
Há de seu nome pronunciar meus lábios,
Seu nome todo inteiro!...



[ CANTOS À BEIRA MAR, São Luís do Maranhão, 1871, pags. 71-72 ]
FONTE: http://www.revista.agulha.nom.br/mfirmina06.html

O Amor (Fernando Pessoa)


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

sábado, 29 de maio de 2010

Direção do Sol (Paulo Roberto Gaefke)

















Tome a tua vida em tuas mãos,
e não entregue a direção dela a ninguém.
Por mais que te amem, por mais que desejem, o teu bem,
só você é capaz de sentir o que realmente sente,
e aquilo que você passa de impressão para os outros,
nem sempre corresponde ao que vai na sua alma.

Quantas vezes você já sorriu
para disfarçar uma lágrima teimosa?
Quantas vezes quis gritar e sufocou o pranto?
Quantas vezes quis sair correndo de algum lugar
e ficou por educação, respeito ou medo?

Quantas vezes desejou apenas um beijo,
e ficou com a boca seca esperando o que não veio?
Quantas vezes tudo o que você desejou era apenas um abraço,
um consolo, uma palavra amiga e só recebeu ingratidão?
Quantos passos foram necessários
para chegar até onde você chegou?
Quantos sabem dar o valor que você realmente merece?

Criticar é fácil, mas usar o seu sapato ninguém quer,
vestir as suas dores ninguém quer,
saber dos seus problemas, só se for por curiosidade,
por isso, não entregue a sua vida nas mãos de ninguém,
nada de acreditar que sem essa ou aquela pessoa,
você não vai viver...
Vai viver sim, o mundo continua girando,
e se você deixar, pode te trazer algo muito melhor.

Pegue a direção da sua vida e aponte rumo ao Sul,
lá onde a placa diz 'CAMINHO DO SOL',
bem na curva da felicidade, que te espera
sem pressa, para viver com amor e intensidade,
a paz, a harmonia e a felicidade...


Porque a mulher enlouquece o homem

Gente detesto quando eu leio um texto interessante e tenho que colocar embaixo AUTOR DESCONHECIDO.... Por favor quem tiver informações da autoria desse texto me avise. Agora leia, pois ele é bastante divertido e nós sabemos que rir faz muito bem!  














Mulher - Onde você vai?
Homem - Vou sair um pouco
Mulher - Vai de carro?
Homem - Sim.
Mulher - Tem gasolina?
Homem - Sim.... coloquei.
Mulher - Vai demorar?
Homem - Não... coisa de uma hora.
Mulher - Vai a algum lugar específico?
Homem - Não... só rodar por aí.
Mulher - Não prefere ir a pé?
Homem - Não... vou de carro.
Mulher - Traz um sorvete pra mim!
Homem - Trago... que sabor?
Mulher - Manga.
Homem - Ok... na volta eu passo e compro.
Mulher - Na volta?
Homem - Sim... senão derrete.
Mulher - Passa lá, compra e deixa aqui..
Homem - Não... melhor não! Na volta... é rápido!
Mulher - Ahhhhh!
Homem - Quando eu voltar eu tomo com você!
Mulher - Mas você não gosta de manga!
Homem - Eu compro outro... de outro sabor.
Mulher - Aí fica caro... traz de cupuaçu!
Homem - Eu não gosto também.
Mulher - Traz de chocolate... nós dois gostamos.
Homem - Ok! Beijo... volto logo...
Mulher - Ei!
Homem - O que?
Mulher - Chocolate não... Flocos...
Homem - Não gosto de flocos!
Mulher - Então traz de manga prá mim e o que quiser prá você.
Homem - Foi o que sugeri desde o começo!
Mulher - Você está sendo irônico?
Homem - Não tô não! Vou indo.
Mulher - Vem aqui me dar um beijo de despedida!
Homem - Querida! Eu volto logo... depois.
Mulher - Depois não... quero agora!
Homem - Tá bom! (Beijo.)
Mulher - Vai com o seu ou com o meu carro?
Homem - Com o meu.
Mulher - Vai com o meu... tem cd player... o seu não!
Homem - Não vou ouvir música... vou espairecer...
Mulher - Tá precisando?
Homem - Não sei... vou ver quando sair!
Mulher - Demora não!
Homem - É rápido... (Abre a porta de casa.)
Mulher - Ei!
Homem - Que foi agora?
Mulher - Nossa!!! Que grosso! Vai embora!
Homem - Calma... estou tentando sair e não consigo!
Mulher - Porque quer ir sozinho? Vai encontrar alguém?
Homem - O que quer dizer?
Mulher - Nada... nada não!
Homem - Vem cá... acha que estou te traindo?
Mulher - Não... claro que não... mas sabe como é?
Homem - Como é o quê?
Mulher - Homens!
Homem - Generalizando ou falando de mim?
Mulher - Generalizando.
Homem - Então não é meu caso... sabe que eu não faria isso!
Mulher - Tá bom... então vai.
Homem - Vou.
Mulher - Ei!
Homem - Que foi, droga?
Mulher - Leva o celular, estúpido!
Homem - Prá quê? Prá você ficar me ligando?
Mulher - Não... caso aconteça algo, estará com celular.
Homem - Não... pode deixar...
Mulher - Olha... desculpa pela desconfiança, estou com saudade, só isso!
Homem - Ok, meu amor... Desculpe-me se fui grosso. Tá.. eu te amo!
Mulher - Eu também! Posso futricar no seu celular?
Homem - Prá quê?
Mulher - Sei lá! Joguinho!
Homem - Você quer meu celular prá jogar?
Mulher - É.
Homem - Tem certeza?
Mulher - Sim.
Homem - Liga o computador... lá tem um monte de joguinhos!
Mulher - Não sei mexer naquela lata velha!
Homem - Lata velha? Comprei pra a gente mês passado!
Mulher - Tá..ok... então leva o celular senão eu vou futricar...
Homem - Pode mexer então... não tem nada lá mesmo...
Mulher - É?
Homem - É.
Mulher - Então onde está?
Homem - O quê?
Mulher - O que deveria estar no celular mas não está...
Homem - Como!?
Mulher - Nada! Esquece!
Homem - Tá nervosa?
Mulher - Não... tô não...
Homem - Então vou!
Mulher - Ei!
Homem - O que ééééééé, caramba?
Mulher - Não quero mais sorvete não!
Homem - Ah é?
Mulher - É!
Homem - Então eu também não vou sair mais não!
Mulher - Ah é?
Homem - É.
Mulher - Oba! Vai ficar comigo?
Homem - Não vou não... cansei... vou dormir!
Mulher - Prefere dormir do que ficar comigo?
Homem - Não... vou dormir, só isso!
Mulher - Está nervoso?
Homem - Claro, pô!!!
Mulher - Porque você não vai dar uma volta então para espairecer?
Homem - Ah, vai tomar banho ...

sábado, 15 de maio de 2010

CAXIAS (Gonçalves Dias)


Quanto és bela, ó Caxias! - no deserto,
Entre montanhas, derramada em vale
De flores perenais,
És qual tênue vapor que a brisa espalha
No frescor da manhã meiga soprando
À flor de manso lago.

Tu és a flor que despontaste livre
Por entre os troncos de robustos cedros,
Forte - em gleba inculta;
És qual gazela, que o deserto educa,
No ardor da sesta debruçada exangue
À margem da corrente.

Em mole seda as graças não escondes,
Não cinges d'oiro a fronte que descansas
Na base da montanha;
És bela como a virgem das florestas,
Que no espelho das águas se contempla,
Firmada em tronco anoso.

Mas dia inda virá, em que te pejes
Dos, que ora trajas, símplices ornatos
E amável desalinho:
Da pompa e luxo amiga, hão de cair-te
Aos pés então - da poesia a c'roa
E da inocência o cinto.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Recomeçar (Carlos Drummond de Andrade)


Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível e
necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...
Chorou muito?
foi limpeza da alma...

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos...

Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora...
Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal
Um corte de cabelo arrojado...diferente?
Um novo curso...ou aquele velho desejo de aprender a
pintar...desenhar...dominar o computador...
ou qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira...tem tanta gente que você afastou com o
seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis...
o mal humor vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.

Recomeçar...
hoje é um bom dia para começar novos
desafios.

Onde você quer chegar?
ir alto...sonhe alto... queira o
melhor do melhor... queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...
se pensamos pequeno...
coisas pequenas teremos...
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental...
joga fora tudo que te prende ao passado... ao mundinho
de coisas tristes...
fotos...peças de roupa, papel de bala...ingressos de
cinema, bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...
jogue tudo fora... mas principalmente...
esvazie seu coração... fique pronto para a vida...
para um novo amor...

Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes...
afinal de contas...

Nós somos o "Amor"...
" Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura."


sábado, 8 de maio de 2010

DIA DAS MÃES

Antes de ser mãe


Antes de ser mãe,
eu fazia e comia
os alimentos ainda quentes.
Eu não tinha roupas manchadas,
tinha calmas conversas ao telefone.

Antes de ser mãe,
eu dormia o quanto eu queria,
Nunca me preocupava com a hora de ir para a cama.
Eu não me esquecia de escovar os cabelos e os dentes

Antes de ser mãe,
eu limpava minha casa todo dia.
Eu não tropeçava em brinquedos e
nem pensava em canções de ninar.

Antes de ser mãe,
eu não me preocupava:
Se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas então,
eram coisas em que eu não pensava.

Antes de ser mãe,
ninguém vomitou e nem fez xixi em mim,
Nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.

Antes de ser mãe,
eu tinha controle sobre a minha mente,
Meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos,
e dormia a noite toda.

Antes de ser mãe,
eu nunca tive que
segurar uma criança chorando,
para que médicos pudessem fazer testes
ou aplicar injeções.

Eu nunca chorei olhando pequeninos
olhos que choravam.
Nunca fiquei gloriosamente feliz
com uma simples risadinha.
Nem fiquei sentada horas e horas
olhando um bebê dormindo.

Antes de ser mãe,
eu nunca segurei uma criança,
só por não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar,
quando não pude estancar uma dor.

Nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina,
pudesse mudar tanto a minha vida e
que pudesse amar alguém tanto assim.
E não sabia que eu adoraria ser mãe.

Antes de ser mãe,
eu não conhecia a sensação,
de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Não conhecia a felicidade de
alimentar um bebê faminto.

Não conhecia esse laço que existe
entre a mãe e a sua criança.
E não imaginava que algo tão pequenino,
pudesse fazer-me sentir tão importante.

Antes de ser mãe, eu nunca me levantei
à noite toda , cada 10 minutos, para me
certificar de que tudo estava bem.

Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor,
a dor e a satisfação de ser uma mãe.
Eu não sabia que era capaz de ter
sentimentos tão fortes.

Por tudo e, apesar de tudo, obrigada Deus,
Por eu ser agora um alguém tão frágil
e tão forte ao mesmo tempo.

Obrigada meu Deus, por permitir-me ser Mãe!


___________________________________________
© Patricia Vaughan & Silvia Schmidt ©
Texto original : " Before I Was a Mother "
- Direitos Autorais Reservados -
©2001©

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Amor é fogo que arde sem se ver (Luís Vaz de Camões)


Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer; 

É um não querer mais que bem querer; 
É solitário andar por entre a gente; 
É nunca contentar-se de contente; 
É cuidar que se ganha em se perder. 

É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata lealdade. 

Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

A gente pode... (Desconheço a autoria)


A gente pode
morar numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos,
e até ter um governo mais ou menos.

A gente pode
dormir numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos,
e até ser obrigado a acreditar mais ou menos
no futuro.

A gente pode
olhar em volta e sentir que tudo está
mais ou menos...
Tudo bem.

O que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum...
é amar mais ou menos,
sonhar mais ou menos,
ser amigo mais ou menos,
namorar mais ou menos,
ter fé mais ou menos,
e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos.


Crônica de um amor anunciado (Martha Medeiros)



Toda pessoa apaixonada é um publicitário em potencial. Não anuncia cigarros, hidratantes ou máquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivê-lo em segredo diminuísse sua intensidade.

O hábito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, e lá, na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é introdução à publicidade. Em breve se estará desenhando corações em árvores, escrevendo atrás da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama João.

A partir de uma certa idade, a veia publicitária vai tornando-se mais discreta. Já não anunciamos nossa paixão em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mídia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um público selecionado, as últimas notícias da nossa vida afetiva. Mas alguns não resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anúncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, não me deixe por essa loira de farmácia. Joana, foi bom pra você também?

O grau máximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, há casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.

O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.

sábado, 1 de maio de 2010

Preferência - Wybson Carvalho, poeta caxiense



Do amor
quero a causa da intenção
para que ele exista em mim e em ti.
Do ódio
não quero a intenção da causa
para que ele desista de nós.


DESENCONTRO (Silva Ramos)



Quantas vezes me viste sem te eu ver,
E quantas eu te vi que me não viste...
E só agora, ao ver que me fugiste,
Eu vejo o que perdi, em te perder.

Estranha condição do estranho ser
Que alegre vive nesta vida triste:
Que só saibamos em que o bem consiste,
Quando o bem só consiste no morrer.

Quão feliz eu seria, se, na hora
Em que te vi, te visse como agora,
Ideal, nos meus sonhos ideais!...

Se o que eu sinto por ti sentir pudera,
Então, sorrindo, eu te diria: Espera,
E hoje, chorando, não te espero mais.



A Nuvem - Teófilo Dias


Sulcas o ar de um rastro perfumoso
Que os nervos me alvoroça e tantaliza,
Quando o teu corpo musical desliza
Ao hino do teu passo harmonioso.


A pressão do teu lábio saboroso
Verte-me na alma um vinho que eletriza,
Que os músculos me embebe, e os nectariza,
E afrouxa-os, num delíquio langoroso.

E quando junto a mim passas, criança,
Revolta a crespa, luxuosa trança,
Na espádua arfando em túrbidos negrumes.

Naufraga-me a razão em sombra densa,
Como se houvera sobre mim suspensa
Uma nuvem de cálidos perfumes!



sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vespasiano Ramos


Joaquim Vespasiano Ramos, nascido em Caxias, Maranhão, em 13 de agosto de 1884,  foi um dos mais representativos poetas de seu tempo. Boêmio, viveu intensamente a sua arte e morreu cedo.

Tinha o verso fácil, agradável, e embora não haja qualquer menção explícita à cidade, sua poesia está fortemente impregnada da alma romântica de São Luís.

Vespasiano Ramos está associado à geração de Xavier de Carvalho e figura também entre os poetas maranhenses cultores do simbolismo. Publicou sua produção poética em jornais e revistas da época, sendo bastante apreciado em vida e calorosamente saudado pela crítica, que cedo reconheceu o fulgor de seu talento e a sua grande sensibilidade artística.

De fato, seu valor estético é inquestionável, mas sua vinculação ao movimento simbolista talvez pareça um pouco deslocada, principalmente levando-se em conta os arroubos românticos sempre presentes em seus versos.

Pobre, precisava trabalhar duro no comércio local para conseguir sobreviver. Mas possuía grandes aspirações e vastos sonhos: cedo libertou-se das amarras que o prendiam à província, tornando-se um viajante compulsivo - uma espécie de cidadão do mundo para quem o mundo era apenas o Brasil e as coisas brasileiras.

A referência biográfica que vale sem restrições à sua vida, porém, é a de ele ter sido um poeta em tempo integral. Tudo mais é especulação, matéria própria para controvérsia. Por exemplo: não se sabe ao certo sequer onde ele faleceu, nem precisamente quando - teria sido talvez no Amazonas, em 1915, ou em Porto Velho, ou ainda mesmo em São Luís, a 26 de dezembro de 1916. Por outro lado, o que realmente importa é que os poetas não morrem de verdade, sobretudo quando seus poemas permanecem embalando o sonho de amantes, sendo apreciados, declamados em saraus literários, copiados em cadernos ou então emoldurados em álbuns de poesia.

Vespasiano Ramos deixou um eloqüente testemunho de sua passagem sobre a terra, o livro Cousa Alguma, editado em 1916. Ele é patrono da Cadeira nº 32 da Academia Maranhense de Letras e da Cadeira nº 40 da Academia Paraense de Letras. Tornou-se duplamente imortal por seus méritos, e vive assim para sempre na memória dos que amam a poesia.  Em sua homenagem foi contruído um grande centro recreativo, em Rondônia, e no Maranhão, uma das mais belas praças da capital recebe o seu nome.

Coelho Neto


Coelho Neto (Henrique Maximiano Coelho Neto), romancista, crítico e teatrólogo, nasceu em Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1934.

Foram seus pais Antônio da Fonseca Coelho, português, e Ana Silvestre Coelho, índia. Tinha seis anos quando seus pais se transferiram para o Rio. Estudou os preparatórios no Externato do Colégio Pedro II. Depois tentou os estudos de Medicina, mas logo desistiu do curso.

Em 1883 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Seu espírito revoltado encontrou ali ambiente para expansões, e ele se viu envolvido num movimento dos estudantes contra um professor. Prevendo represálias, transferiu-se para Recife, onde fez o 1º. ano de Direito, tendo Tobias Barreto como o principal mestre. Regressando a São Paulo, entregou-se às idéias abolicionistas e republicanas, numa atitude que o incompatibilizou com certos mestres conservadores. Não concluiu o curso jurídico em 1885, e transferiu-se para o Rio. Fez parte do grupo de Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney e a história dessa geração apareceria no seu romance A Conquista (1899). Tornou-se companheiro assíduo de José do Patrocínio, na campanha abolicionista. Ingressou na Gazeta da Tarde, passando depois para a Cidade do Rio, onde chegou a exercer o cargo de secretário. Por essa época começou a publicar seus trabalhos literários.

Em 1890, casou-se com Maria Gabriela Brandão, filha do educador Alberto Olympio Brandão e do casamento teve 14 filhos. Foi nomeado para o cargo de secretário do Governo do Estado do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, Diretor dos Negócios do Estado. Em 1892, foi nomeado professor de História da Arte da Escola Nacional de Belas Artes e, mais tarde, professor de Literatura do Ginásio Pedro II. Em 1910, foi nomeado professor de História do Teatro e Literatura Dramática da Escola de Arte Dramática, sendo logo depois diretor do estabelecimento.

Eleito deputado federal pelo Maranhão, em 1909, foi reeleito em 1917. Foi também secretário-geral da Liga de Defesa Nacional e membro do Conselho Consultivo do Theatro Municipal.

Além de exercer vários cargos, Coelho Neto multiplicava a sua atividade em revistas e jornais, no Rio e em outras cidades. Além de assinar trabalhos com seu próprio nome, escrevia sob inúmeros pseudônimos, entre outros: Anselmo Ribas, Caliban, Ariel, Amador Santelmo, Blanco Canabarro, Charles Rouget, Democ, N. Puck, Tartarin, Fur-Fur, Manés.

Cultivou praticamente todos os gêneros literários,deixou uma obra extensa e foi, por muitos anos, o escritor mais lido do Brasil. Apesar dos ataques que sofreu por parte de gerações mais recentes, sua presença na literatura brasileira ficou devidamente marcada. Em 1928, foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, num concurso realizado pelo O Malho. João Neves da Fontoura, no discurso de posse, traçou-lhe o justo perfil:

"As duas grandes forças da obra de Coelho Neto residem na imaginação e no poder verbal. [...] Havia no seu cérebro, como nos teatros modernos, palcos móveis para as mutações da mágica. É o exemplo único de repentista da prosa. [...] Dotado de um dinamismo muito raro, Neto foi um idólatra da forma."

Obras: Rapsódias, contos (1891); A capital federal, romance (1893); Baladilhas, contos (1894); Praga (1894); Fruto proibido, contos (1895); Miragem, romance (1895); O rei fantasma, romance (1895); Sertão (1896); Inverno em flor, romance (1897), Álbum de Caliban, contos (1897); A descoberta da Índia (1898); O morto, romance (1898); Romanceiro (1898); Seara de Rute (1898); A descoberta da Índia, narrativa histórica (1898); O rajá do Pendjab, romance (1898); A Conquista, romance (1899); Saldunis (1900); Tormenta, romance (1901); Apólogos(1904); O bico de pena (1904); Água juventa (1905); Treva (1906); Turbilhão, romance (1906); As sete dores de Nossa Senhora (1907); Fabulário (1907); Jardim das Oliveiras (1908); Esfinge (1908); Vida mundana, contos (1909); Cenas e perfis (1910); Mistério do Natal (1911); Banzo, contos (1913); Meluzina (1913); Contos escolhidos (1914); Rei negro, romance (1914); O mistério (1920); Conversas (1922); Vesperal (1922); Amos (1924); Mano, Livro da Saudade (1924); O povo, romance (1924): Imortalidade, romance (1926); O sapato de Natal (1927); Contos da vida e da morte, contos (1927); Velhos e novos (1928); A cidade maravilhosa, contos (1928); Vencidos (1928); A árvore da vida (1929); Fogo fátuo, romance (1929).

Teatro: Teatro,vol.I: O relicário, Ao raio x, O diabo no corpo (1911); vol. II: As estações, Ao luar, Ironia, A mulher, Fim de raça (1907); vol. III: Neve ao sol, A muralha (1907); vol.IV: Quebranto e Nuvem (1908); vol.V: O dinheiro, Bonança, O intruso (1918); vol.VI: O patinho torto, A cigarra e a formiga, O pedido, A guerra, O tango, Os sapatos do defunto (1924).

Crônicas: O meio (1899); Bilhetes postais (1894); Lanterna mágica (1898); Por montes e vales (1899); Versa (1917); A política (1919); Atlética (1920); Frutos do tempo (1920); O meu dia (1922); Frechas (1923); As quintas (1924); Feira Livre (1926); Bazar (1928).