sábado, 12 de junho de 2010

Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes)



De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


  Da obra  "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960.

Um comentário:

  1. Simplesmente maravilhoso. Às vezes, palavras é pouco definir o quão bom é este escritor. Grande Vinicius de Moraes!

    Gisela Coelho - São Paulo

    ResponderExcluir