terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Os 150 anos do nascimento de Coelho Netto




“Coelho Netto continua, no silêncio do seu túmulo, muito mais vivo do que os vivos que se comprazem em passar-lhe atestado de óbito literário”. (Josué Montello)


Manifestações literárias em todo o Brasil ainda relembram o aniversário de 150 anos de Coelho Netto. As homenagens registradas à memória cultural do importante escritor e político caxiense Henrique Coelho Netto - Príncipe dos Prosadores Brasileiros, jornalista, escritor, professor, romancista, orador, poeta, teatrólogo e lexicógrafo, contista, crítico, e memorialista. 

Foi lente de História das Artes na Escola Nacional de Belas-Artes, de História do Teatro e Literatura Dramática, (atual Escola Dramática “Coelho Neto”); de Literatura no Ginásio de Campinas e no Colégio Pedro II; Secretario do Governo do Estado do Rio; Deputado Federal do Maranhão em 03 legislaturas; Secretário da Liga de Defesa Nacional; Ministro Plenipotenciário e enviado especial do Brasil a Argentina, na posse do Presidente Irigoyen; Grande Oficial da Ordem da Coroa de Bélgica, e Comendador da Ordem Militar de São Tiago da Espada, de Portugal. 

O único redator brasileiro do “Dicionário Lello Universal” e em “A notícia”. Escreveu para todas as revistas literárias do Rio de Janeiro. Ocupou cadeira na Academia Brasileira de Letras, da qual foi Presidente e Academia Maranhense de Letras, fundada por Joaquim Dourado.

O escritor é filho Antônio da Fonseca Coelho, português, e Ana Silvestre Coelho, índia. Coelho Neto. Casou-se em 1890, com Maria Gabriela Brandão, filha do educador Alberto Brandão. Seu casamento foi realizado logo após a Proclamação da República, e o casal teve como padrinho, o Presidente Deodoro da Fonseca. Eles tiveram treze filhos, mas somente sete sobreviveram.

Coelho Netto desenvolveu todos os gêneros literários, e por anos foi o escritor mais lido no Brasil. Em 1928 foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, num concurso realizado pelo "Malho". Ele era considerado por seu filho Paulo Coelho Neto, um escritor e político que possuía "o mais rico vocabulário da língua, calculado em 20 mil palavras".

"O eterno “Príncipe dos Prosadores Brasileiros” apresenta uma obra que passeia por diversificados gêneros literários. Não foi grande cultor da poesia, mas é sempre lembrado pela peça poética ‘Ser mãe’. Como se encontra registrado na obra ‘Canteiros de Saudades’, editada pela Café e Lápis (São Luís, 2011), Coelho Neto (grafado com a letra t dobrada - Coelho Netto) ofereceu inestimáveis contribuições à cultura brasileira (abolicionista, defensor da república, dos afrodescendentes, da ecologia, das mulheres, do civismo, do estado democrático de direito, dos esportes, da memória histórica do país, além de grande expositor dos regionalismos e das cidades brasileiras em suas obras, etc.)", frisa o escritor Carvalho Júnior.Carvalho destaca ainda que, Coelho Neto tem na figura do historiador/pesquisador Eulálio de Oliveira Leandro um grande defensor com vários trabalhos publicados em valorização do nome do autor de ‘Rei Negro’ e de uma imensa bibliografia que compreende 130 volumes, conforme declara o filho Paulo Coelho Netto no livro ‘Imagem de uma vida’: “Há muito para se falar sobre Coelho Neto. Ele merece a nossa pesquisa, os nossos debates, o nosso reconhecimento e as nossas melhores homenagens”.

Coelho Neto deixou o Maranhão com apenas seis anos de idade. Radicou-se no Rio de Janeiro, cidade que amou e definiu para a eternidade como “Cidade Maravilhosa”. Batizou, também, a cidade de Teresina, alcunhando-a de “Cidade Verde”. Foi para o Rio de Janeiro com dois anos de idade; estudou Medicina e Direito, mas não concluiu nenhum dos cursos.
Coelho Netto matriculou-se na Faculdade de Direito em 1883, em São Paulo. Depois se transferiu para Recife, por problemas políticos com alguns amigos da época. Fez o 1º ano de Direito onde teve como seu principal mestre, Tobias Barreto.

Regressou a São Paulo entregou-se às ideias abolicionistas e republicanas. Ele fez parte do grupo de Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães Passos e Paula Ney. A história dessa geração apareceria depois no seu romance A Conquista (1899). Tornou-se companheiro de José do Patrocínio, na campanha abolicionista. Ingressou na "Gazeta da Tarde", depois foi trabalhar na "Cidade do Rio", onde exerceu o cargo de secretário. A partir dessa época iniciou a publicação dos seus trabalhos literários.

Na Literatura de Coelho Netto encontramos: Rapsódias, contos (1891); A capital federal, romance (1893);Baladilhas, contos (1894); Praga (1894); Fruto proibido, contos (1895); Miragem, romance (1895); O rei fantasma, romance (1895); Sertão (1896); Inverno em flor, romance (1897), Álbum de Caliban, contos (1897); A descoberta da Índia (1898); O morto, romance (1898); Romanceiro (1898); Seara de Rute (1898);A descoberta da Índia, narrativa histórica (1898); O rajá do Pendjab, romance (1898); A conquista, romance (1899); Saldunis (1900); Tormenta, romance (1901); Apólogos(1904); O bico de pena (1904); Água juventa (1905); Treva (1906); Turbilhão, romance (1906); As sete dores de Nossa Senhora (1907); Fabulário (1907); Jardim das Oliveiras (1908); Esfinge (1908); Vida mundana, contos (1909); Cenas e perfis (1910); Mistério do Natal (1911); Banzo, contos (1913); Meluzina (1913);Contos escolhidos (1914); Rei negro, romance (1914); O mistério (1920); Conversas (1922); Vesperal (1922); Amos(1924); Mano, livro da saudade (1924); O povo, romance (1924): Imortalidade, romance (1926); O sapato de Natal(1927); Contos da vida e da morte, contos (1927); Velhos e novos (1928); A cidade maravilhosa, contos (1928); Vencidos(1928); A árvore da vida (1929); Fogo fátuo, romance (1929).

Teatro,vol. I: O relicário, Ao raio X, O diabo no corpo (1911); vol. II: As estações, Ao luar,Ironia, A mulher, Fim de raça (1907); 

Teatro, vol. III: Neve ao sol, A muralha (1907); vol.IV: Quebranto e Nuvem (1908); vol.V: O dinheiro, Bonança, O intruso (1918); vol.VI: O patinho torto, A cigarra e a formiga, O pedido, A guerra, O tango, Os sapatos do defunto (1924).

Crônicas: O meio (1899); Bilhetes postais (1894); Lanterna mágica; (1898); Por montes e vales(1899); Versa (1917); A política (1919); Atlética (1920); Frutos do tempo (1920); O meu dia (1922);Frechas (1923); As quintas (1924); Feira livre(1926); Bazar (1928).

Ele foi nomeado para o cargo de secretário do Governo do Estado do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, Diretor de Negócios do Estado. Em 1892, foi nomeado professor de História da Arte na Escola Nacional de Belas Artes, depois foi professor de Literatura do Ginásio Pedro II. Em 1910 foi nomeado professor de História do Teatro e Literatura Dramática da Escola de Arte Dramática, sendo depois diretor dessa importante escola.

Exerceu diversos cargos para os quais era convidado, e entre diversas atividades ele se dedicava a escrever para revistas e jornais da época, no Rio como em outras cidades, além de assinar trabalhos com seu próprio nome, escrevia sob os pseudônimos: Anselmo Ribas, Caliban, Ariel, Amador Santelmo, Blanco Cabarro, Charles Rouget, Democ, N. Puck, Tattarin, Fur-Fur, Manés.

Em 1885 relacionou-se com José do Patrocínio, que o introduziu na relação da Gazeta da Tarde; nesse jornal deu início à sua Lista Abolicionista e Republicana. Em 1891, foi publicada sua primeira obra “Rapsódias”, um livro de contos. Dedicou-se a literatura com entusiasmo, publicando obras atrás de obras. Escreveu algumas peças teatrais, mais de cem livros e cerca de 650 contos. Foi também um orador de grandes recursos; em 1909 foi catedrático da mesma matéria. Foi deputado na Legislatura de 1909 a 1911; esteve em Buenos Aires como Ministro Plenipotenciário, em Missão Especial. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em 1928, foi consagrado como “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”. 

Foi dos primeiros autores a manifestar preocupações ecológicas; assim como Euclides da Cunha, escrevia contra o desmatamento e as queimadas na Amazônia, deixando manifestos tais como o que diz:

"Com a morte das árvores, desaparecem as fontes: rios que rolavam águas abundantes derivam agora de filetes rasos e tão escassos que uma quente semana de verão é bastante para secá-los; a caça rareia."
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*Alberto Pessoa é escritor maranhense (Caxias), membro do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Brasília e Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas.

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